São Paulo, quinta-feira, 19 de setembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GASTRONOMIA

Sul-americanos oferecem bons goles

JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA

Novos exemplares de duas vinícolas sul-americanas, a argentina Finca La Célia e a chilena Viña Valdivieso, deixam claro, mais uma vez, que entre os vinhos do Cone Sul estão algumas das melhores oportunidades para apreciar alguns goles sem gastar mais do que R$ 30 e ter um bom retorno custo-qualidade.
As origens da Finca La Célia remontam a 1880, quando Eugenio Bustos se dedica ao cultivo de vinhedos no Vale de Uco, uma área com condições privilegiadas para o cultivo de uvas finas, na província de Mendoza. Em 1924, passa o controle da firma para a filha Célia, que acabou dando o seu nome à propriedade. Ela então constrói a primeira cantina e inicia a produção de vinhos. No ano 2000, a firma é comprada pela Viña São Pedro, produtor chileno que elabora um dos melhores cabernet de seu país, o Cabo de Hornos.
Os tintos e brancos de La Célia são modelados pelo enólogo Mauricio Lorca, que já atuou em vinícolas platinas de ponta, como Catena e Luigi Bosca. A novidade de La Célia, que já estava presente no mercado com a linha básica Angaro, é o rótulo La Consulta, um degrau acima da anterior, em que se destacam três tintos: um Cabernet Sauvignon, um Malbec e um Syrah, todos safra 2000.
O trio mostra bom equilíbrio e paladar redondo. O Cabernet, um pouco mais tânico, tem bom conteúdo de fruta e paladar longo, marcado por toques de madeira e pimentão. Mais macio, o Malbec tem fruta mais intensa e certo toque de ameixa e compotas. O Syrah, mais estruturado, mostra boa complexidade e final longo que combina fruta e chocolate.
Do lado chileno, a Valdivieso é também uma antiga vinícola. Ela foi criada por Alberto Valdivieso, visando à produção de espumante. Aliás, foi uma das primeiras produtoras desse tipo de vinho da América Latina. Hoje nas mãos da família Mitjans, a Valdivieso é dona de 75% do mercado de espumantes chilenos, mas também elabora (bons) vinhos sem borbulhas, como os dois tintos que estrearam no Brasil, pertencentes à sua linha Reserve: um Carmenère, safra 2000, e um Syrah 2001.
Um perfume floral, misturado com toques torrados e de folhas secas, aparece bem presente no Carmenère, um vinho com boa acidez e textura agradável. O Syrah, novo ainda, de cor violácea, foi envelhecido por seis meses em barricas de carvalho, mas a madeira pouco aparece. O que predomina nele é a fruta (framboesa, cereja) que domina o seu paladar, um pouco adstringente, mas persistente e agradável.



Texto Anterior: Liberado: Veja só o que o Tio Sam via
Próximo Texto: Short Drinks - Barberas 1: Tintos do Piemonte desembarcam no Brasil
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.