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GASTRONOMIA
Sul-americanos oferecem bons goles
JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA
Novos exemplares de
duas vinícolas sul-americanas, a argentina Finca La Célia e a
chilena Viña Valdivieso, deixam
claro, mais uma vez, que entre os
vinhos do Cone Sul estão algumas
das melhores oportunidades para
apreciar alguns goles sem gastar
mais do que R$ 30 e ter um bom
retorno custo-qualidade.
As origens da Finca La Célia remontam a 1880, quando Eugenio
Bustos se dedica ao cultivo de vinhedos no Vale de Uco, uma área
com condições privilegiadas para
o cultivo de uvas finas, na província de Mendoza. Em 1924, passa o
controle da firma para a filha Célia, que acabou dando o seu nome
à propriedade. Ela então constrói
a primeira cantina e inicia a produção de vinhos. No ano 2000, a
firma é comprada pela Viña São
Pedro, produtor chileno que elabora um dos melhores cabernet
de seu país, o Cabo de Hornos.
Os tintos e brancos de La Célia
são modelados pelo enólogo
Mauricio Lorca, que já atuou em
vinícolas platinas de ponta, como
Catena e Luigi Bosca. A novidade
de La Célia, que já estava presente
no mercado com a linha básica
Angaro, é o rótulo La Consulta,
um degrau acima da anterior, em
que se destacam três tintos: um
Cabernet Sauvignon, um Malbec
e um Syrah, todos safra 2000.
O trio mostra bom equilíbrio e
paladar redondo. O Cabernet, um
pouco mais tânico, tem bom conteúdo de fruta e paladar longo,
marcado por toques de madeira e
pimentão. Mais macio, o Malbec
tem fruta mais intensa e certo toque de ameixa e compotas. O
Syrah, mais estruturado, mostra
boa complexidade e final longo
que combina fruta e chocolate.
Do lado chileno, a Valdivieso é
também uma antiga vinícola. Ela
foi criada por Alberto Valdivieso,
visando à produção de espumante. Aliás, foi uma das primeiras
produtoras desse tipo de vinho da
América Latina. Hoje nas mãos
da família Mitjans, a Valdivieso é
dona de 75% do mercado de espumantes chilenos, mas também
elabora (bons) vinhos sem borbulhas, como os dois tintos que estrearam no Brasil, pertencentes à
sua linha Reserve: um Carmenère, safra 2000, e um Syrah 2001.
Um perfume floral, misturado
com toques torrados e de folhas
secas, aparece bem presente no
Carmenère, um vinho com boa
acidez e textura agradável. O
Syrah, novo ainda, de cor violácea, foi envelhecido por seis meses em barricas de carvalho, mas a
madeira pouco aparece. O que
predomina nele é a fruta (framboesa, cereja) que domina o seu
paladar, um pouco adstringente,
mas persistente e agradável.
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