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Crítica
"Só a Mulher Peca" traz mundo tortuoso de Lang
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Desde que o filme começa,
sente-se o cheiro de tragédia
em "Só a Mulher Peca"
(TCM, 20h10). Para ser mais
exato, antes disso sente-se o
cheiro de peixe, porque é numa
vila de pescadores que a ação
acontece, e a precisão de Fritz
Lang é tanta que, sim, até parece que sentimos o cheiro dos
peixes.
De todo modo, lá está Barbara Stanwick, sinal seguro de
tragédia. Ela que volta à vila e
casa com Paul Douglas, outro
signo ambulante de tragédia.
Mas ela não nasceu para casar,
está visto. Nasceu para o desejo, a desonra, a paixão, o ilícito
-e tudo isso vai se materializar
na pessoa de Robert Ryan.
Não é um mundo ameno, esse que habitava Fritz Lang: é
tortuoso, cheio de armadilhas
incontornáveis, como se ele se
constituísse de regras que parecem negar todo o tempo o
que é o próprio homem. É difícil aceitá-lo, mas Lang não está
aí para conciliações.
À 0h, no mesmo canal, "Casablanca" ajuda a tornar ameno o fim de noite.
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