São Paulo, segunda-feira, 19 de setembro de 2011 |
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fio da HISTÓRIA Cabelo guia novo romance de Alan Pauls, segundo da trilogia sobre os anos 70
SYLVIA COLOMBO DE BUENOS AIRES No primeiro livro, foram as lágrimas; agora, é o cabelo. A trilogia do escritor argentino Alan Pauls, 52, sobre os anos 70, que se encerrará num romance sobre o dinheiro, elege assim três elementos que a princípio parecem aleatórios e desvinculados, mas que sugerem, todos, a ideia de gasto. "São três coisas que temos e que perdemos, gastamos, ao longo da vida. Era essa sensação que queria passar ao tratar desse período histórico, porque foi por essa experiência que passaram os argentinos na época", conta Pauls à Folha, em sua casa, em Buenos Aires. O segundo volume da trilogia, "História do Cabelo", será lançado no Brasil no próximo dia 22, pela Cosac Naify. O primeiro, "História do Pranto", saiu em 2008. O escritor está finalizando a terceira e última parte. O romance conta a história de um homem obcecado por seu cabelo. Entra e sai de salões de beleza e tem a vida pendente da data em que de novo deve aparar as mechas. À primeira vista, o enredo parece cômico. Mas a morte é muito presente. Um dos personagens tem câncer, outro é um veterano de guerra que volta do exílio e se desilude com o país. O mais enigmático é o barbeiro paraguaio, um deslocado na sociedade, com uma habilidade quase mágica pela qual seu cliente fica obcecado. "Tratar dos anos 70 por meio de um guerrilheiro, de um verdugo, seria óbvio. Desse modo, consigo falar dos temas que a época me sugere com um enfoque diferente", afirma o autor. O romance é curto, as frases são longas e divagam. "Não sei se pode-se definir assim meu estilo, mas não consigo contar algo sem refletir em cada ação, em cada cena", explica. E aponta como influência escritores como Proust, Kafka e Borges. "Não saberia contar histórias como Hemingway, por exemplo. Não que ele me pareça mais superficial, creio que tem a mesma habilidade para criar uma história do que esses anteriores, mas usa uma linguagem mais direta." O escritor diz que não sabia que os brasileiros têm o cabelo comprido como um estereótipo dos argentinos. E contesta. "Nos anos 70, talvez houvesse muitos. Mas não é mais assim, não?"
CINEMA
HISTÓRIA DO CABELO
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