São Paulo, Terça-feira, 19 de Outubro de 1999
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Flávio de Carvalho inventa modernidade nos trópicos


Mostra na Faap revê trajetória polêmica do arquiteto e artista plástico no centenário de seu nascimento


CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local

"Revolucionário romântico", "comedor de emoções", "surrealista tropical", "performático precoce", "javali do asfalto". Todas as alcunhas caem bem a Flávio de Carvalho (1899-1973), um dos mais importantes intelectuais brasileiros deste século, um artista que inovou e causou polêmica em todas as áreas em que atuou.
Flávio ganha a partir de hoje, na Faap, em São Paulo, uma retrospectiva de sua atribulada carreira: "Flávio de Carvalho -0100 Anos de um Revolucionário Romântico". A mostra comemora o centenário de nascimento desse singular arquiteto, artista, cenógrafo, designer, ensaísta e agitador cultural.
Flávio ganhou o apelido de "revolucionário romântico", que dá título à mostra, do arquiteto suíço Le Corbusier, que o conheceu em 1929, na casa de outro arquiteto: Gregori Warchavchik, com quem divide o pioneirismo na arquitetura modernista no país.
Sua carreira de arquiteto (e também de polemista) começou em 1927, com a inscrição de seu futurista projeto para o Palácio do Governo de SP, que não venceu, mas que se tornou o mais discutido entre os trabalhos. Como arquiteto, realizou apenas dois de seus projetos: um conjunto de casas na alameda Lorena, em São Paulo, e a arrojada sede de sua fazenda Capuava, em Valinhos (SP).
Seu maior incentivador nessas ousadas iniciativas era Assis Chateaubriand, o dono dos Diários Associados e criador do Masp. Chatô o apoiava em todas as suas atitudes vanguardistas (dando-lhe ampla cobertura da mídia), mas também o usava como jornalista para cobrir assuntos polêmicos, colocando-se sempre a seu lado. Flávio tinha ótimas relações com a mídia, o que lhe garantia grande cobertura da imprensa (jornais, rádios e TV).
A mostra divide suas obras em quatro núcleos. No primeiro, serão mostrados os trabalhos do início da carreira, entre eles dez de sua primeira e polêmica exposição individual.
No segundo bloco estão algumas paisagens e representações de mulheres. Os retratos, sua produção mais prolixa, estão no terceiro bloco; e, no quarto, a "Série Trágica" (1947), em que representou a sua mãe morrendo.
O ecletismo e pensamento revolucionário de Flávio é mais evidente, porém, no segmento que apresenta seus projetos de arquitetura, fotos, cenografias, maquetes e objetos originais, como a saia e a blusa usadas na performance "New Look para o Verão" (1956).



Mostra: "Flávio de Carvalho - 100 Anos de um Revolucionário Romântico" Curadoria: Denise Mattar Consultoria: J. Toledo Onde: Museu de Arte Brasileira da Faap (r. Alagoas, 903, tel. 0/xx/11/3662-1662 ramal 1133, Higienópolis) Vernissage: hoje, às 21h Quando: de terça a sexta, das 10h às 21h; sábado e domingo, das 13h às 18h Quanto: entrada franca Patrocínio: Petrobras, Faap e Centro Cultural Banco do Brasil


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