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"NEM TRENS, NEM AVIÕES"
Jos Stelling
se mostra deprimido
ALVARO MACHADO
especial para a Folha
Jos Stelling não é o único
cineasta holandês com fama
de louco, mas é o mais conhecido. Sobretudo em SP,
onde foi duas vezes premiado pelo público da Mostra
-"O Ilusionista" (85) e "O
Homem da Linha" (86)-, é
lembrado como criador de
universo muito particular,
terno, onírico e demente.
Seus personagens agem
segundo princípios pouco
cartesianos e não se envergonham de parecer crianças
mal-comportadas.
Em "Nem Trens, Nem
Aviões", essas figuras, agora
encerradas entre as paredes
suadas e os ladrilhos sujos de
um bar de estação, mostram
ter perdido a inocência infantil que lhes conferia charme. Ganharam idade mas
não amadureceram; trocaram juventude por cinismo.
Stelling acompanha os
tempos a seu modo, teimosamente fiel às suas gags visuais desgastadas. Está deprimido, mas não pode ser
chutado como cachorro
morto. Quando nos aproximamos, vemos que ainda
mostra os dentes.
Avaliação:
Filme: Nem Trens, Nem Aviões
Direção: Jos Stelling
Produção: Holanda, 99, 100 min
Onde: hoje, às 18h15, no Cinesesc
Outras exibições: 24 e 26
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