São Paulo, sexta-feira, 19 de outubro de 2001

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LITERATURA

O escritor Peter Carey recebeu anteontem, por "True History of the Kelly Gang", o seu segundo Booker Prize

Australiano ganha prêmio e perde jantar

DA REPORTAGEM LOCAL

O australiano Peter Carey, 57, vai ter de pagar um jantar ao inglês Ian McEwan, 53. Pelo menos foi esse o acordo, segundo McEwan contou à Folha, na semana passada, em entrevista sobre o Booker Prize: o vencedor do prêmio, ao qual os dois concorriam, convidaria o outro.
Carey ganhou, na noite de anteontem, em Londres, as 21 mil libras (cerca de R$ 82.600) do 33º Booker Prize, o concurso literário mais importante da Europa (depois do Nobel), reservado, porém, a autores de língua inglesa.
Ao receber o prêmio, confirmou: "Sei quão em débito estou". Carey explicou ao jornal inglês "The Independent" que, além do jantar, devia 50 libras a cada um de seus dois filhos. E, ainda, lembrou que a mulher, a diretora teatral Alison Summers, o encorajou a escrever sobre a Austrália, quando ele queria usar Nova York, onde vivem, como tema.
"True History of the Kelly Gang" (Verdadeira História do Bando de Kelly) venceu "Atonement", o livro de McEwan, e mais quatro concorrentes ("Oxygen", de Andrew Miller; "The Dark Room", de Rachel Seiffert; "number9dream",de David Mitchell; e "Hotel World", de Ali Smith).
Além disso, fez com que Carey batesse também um não-concorrente: o sul-africano J.M. Coetzee. Até anteontem, Coetzee era o único autor contemplado duas vezes pelo júri do Booker (em 83 e 99). Carey, ganhador de 88, por "Oscar e Lucinda" (Record, R$ 55, 514 págs.), quebrou seu ineditismo.
A nova obra de Carey fala de Ned Kelly, espécie de "robin hood" australiano, enforcado em 1880. Qualificado pelo júri como "magnífica história do começo da colonização da Austrália, expressada pela voz inesquecível de um homem vilipendiado", não tem previsão de lançamento no Brasil, mas é vendido on-line (www.amazon.com; www.bn.com).
Além de talentoso, Carey talvez seja um homem de sorte. No dia 11 de setembro, sua mulher fazia compras no World Trade Center, na hora do atentado. Foi susto: Summers estava lá anteontem.


Com a Reuters


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