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MÚSICA/LANÇAMENTOS
ELETRÔNICA
Sem contrato com a Trama, produtor banca sua própria produção
DJ Ramilson Maia lança novo disco independente
CLAUDIA ASSEF
DA REPORTAGEM LOCAL
Com dinheiro do próprio bolso,
o DJ e produtor baiano Ramilson
Maia, 32, um dos nomes mais respeitados da produção de música
eletrônica no Brasil, bota no mercado na próxima semana seu segundo CD, "DJ Ramilson Maia
Apresenta Drum and Bass Brazuca". Também em esquema independente, Maia armou shows de
lançamento hoje, em São Paulo, e
amanhã, no Rio.
De contrato vencido com a gravadora Trama, Ramilson Maia vai
distribuir o CD em esquema semicaseiro. "Tenho um pessoal aí
que vai ajudar", disse à Folha o
DJ. Leia, a seguir, a entrevista com
Ramilson Maia.
Folha - Por que você saiu da [gravadora" Trama?
Ramilson Maia - Na verdade, não
saí da Trama. Meu contrato venceu no meio do ano, não lembro
direito quando, e não voltei para
conversar direito com eles. Mas,
desde o início, queria fazer minhas coisas pelo meu selo. Todo
DJ faz isso no exterior. É importante conseguir fazer isso. Meu
contrato com a Trama era superlight. O próprio Bruno [diretor do
selo Sambaloco, de música eletrônica" deu a maior força. Não saí
de lá. O Bruno, no início do ano,
me disse para ir fazendo músicas,
que iriam lançar um disco meu
em 2001. Até que eles me chamem
e me digam que estou fora, estou
dentro.
Folha - Você chegou a mostrar o
disco para eles?
Maia - Mostrei, mas queria mesmo lançar pelo meu selo. Inclusive tem uma diferença, não estou
me lançando como Ram Science
[nome do projeto de drum'n'bass
de Maia".
Folha - Por algum impedimento
contratual?
Maia - Não. Achei mais importante me lançar como Ramilson
Maia, acho que meu nome é mais
conhecido. Queria dar um gás no
meu selo [R Comunicações". Até
o fim do ano quero lançar outros
dois artistas. A primeira será Vera
Medina.
Folha - Você não teve receio de
botar música brasileira escancaradamente no disco?
Maia - Não. Todos os DJs, desde
a época em que eu comecei, todo
mundo lança coletânea. Só que
sempre lançaram músicas internacionais. OK, é importante fazer
sucesso, tudo bem. Mas eu sempre defendi essa tese de colocar
música brasileira, samba-rock.
Faz tempo que faço isso. Poderia
chegar na Sambaloco e ver com o
Bruno para lançar esse disco, só
com som nacional, mas resolvi
lançar eu mesmo. Se a gente não
der confiança para a nossa cultura, quem vai dar? O disco tem vocais em português, eu sei que é
polêmico. Mas acho que a galera
está começando a aceitar. O brasileiro tem mania de achar que tudo
o que é gringo é melhor. Dane-se,
vamos ver o que é que vai dar.
Folha - Você é citado como inspiração por muitos DJs novos...
Maia - Acho que busquei isso,
porque respeito todo mundo,
apóio todo mundo. Esse pessoal
me vê com o mesmo respeito que
tenho por eles. Sou eclético, tive
uma escola muito boa. Quando
comecei, como vendedor da [loja
de discos" Rock & Soul, pude conhecer de tudo e sou muito agradecido por isso. Já fui pintor de
parede, jardineiro, office-boy e fiz
supletivo até chegar aqui. Você
tem de ser humilde sem ser bobo.
Encaro minha profissão como
outra qualquer.
RAMILSON MAIA - show de lançamento
do CD "DJ Ramilson Maia Apresenta
Drum and Bass Brazuca". Onde: Orbital (r.
Augusta, 2.894, São Paulo, tel. 0/xx/11/
5096-0747). Quando: hoje, a partir das
23h. Quanto: R$ 8.
Onde: Teatro da Lagoa (av. Borges de
Medeiros, 1.426, Lagoa, Rio de Janeiro,
tel. 0/xx/ 21/2239-4242). Quando:
amanhã, a partir das 23h. Quanto: R$ 30
(homens, com R$ 15 de consumação) e
R$ 20 (mulheres, com direito a R$ 10 de
consumação).
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