São Paulo, sexta-feira, 19 de outubro de 2001

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MÚSICA/LANÇAMENTOS

ELETRÔNICA

Sem contrato com a Trama, produtor banca sua própria produção

DJ Ramilson Maia lança novo disco independente

CLAUDIA ASSEF
DA REPORTAGEM LOCAL

Com dinheiro do próprio bolso, o DJ e produtor baiano Ramilson Maia, 32, um dos nomes mais respeitados da produção de música eletrônica no Brasil, bota no mercado na próxima semana seu segundo CD, "DJ Ramilson Maia Apresenta Drum and Bass Brazuca". Também em esquema independente, Maia armou shows de lançamento hoje, em São Paulo, e amanhã, no Rio.
De contrato vencido com a gravadora Trama, Ramilson Maia vai distribuir o CD em esquema semicaseiro. "Tenho um pessoal aí que vai ajudar", disse à Folha o DJ. Leia, a seguir, a entrevista com Ramilson Maia.

Folha - Por que você saiu da [gravadora" Trama?
Ramilson Maia -
Na verdade, não saí da Trama. Meu contrato venceu no meio do ano, não lembro direito quando, e não voltei para conversar direito com eles. Mas, desde o início, queria fazer minhas coisas pelo meu selo. Todo DJ faz isso no exterior. É importante conseguir fazer isso. Meu contrato com a Trama era superlight. O próprio Bruno [diretor do selo Sambaloco, de música eletrônica" deu a maior força. Não saí de lá. O Bruno, no início do ano, me disse para ir fazendo músicas, que iriam lançar um disco meu em 2001. Até que eles me chamem e me digam que estou fora, estou dentro.

Folha - Você chegou a mostrar o disco para eles?
Maia -
Mostrei, mas queria mesmo lançar pelo meu selo. Inclusive tem uma diferença, não estou me lançando como Ram Science [nome do projeto de drum'n'bass de Maia".

Folha - Por algum impedimento contratual?
Maia -
Não. Achei mais importante me lançar como Ramilson Maia, acho que meu nome é mais conhecido. Queria dar um gás no meu selo [R Comunicações". Até o fim do ano quero lançar outros dois artistas. A primeira será Vera Medina.

Folha - Você não teve receio de botar música brasileira escancaradamente no disco?
Maia -
Não. Todos os DJs, desde a época em que eu comecei, todo mundo lança coletânea. Só que sempre lançaram músicas internacionais. OK, é importante fazer sucesso, tudo bem. Mas eu sempre defendi essa tese de colocar música brasileira, samba-rock. Faz tempo que faço isso. Poderia chegar na Sambaloco e ver com o Bruno para lançar esse disco, só com som nacional, mas resolvi lançar eu mesmo. Se a gente não der confiança para a nossa cultura, quem vai dar? O disco tem vocais em português, eu sei que é polêmico. Mas acho que a galera está começando a aceitar. O brasileiro tem mania de achar que tudo o que é gringo é melhor. Dane-se, vamos ver o que é que vai dar.

Folha - Você é citado como inspiração por muitos DJs novos...
Maia -
Acho que busquei isso, porque respeito todo mundo, apóio todo mundo. Esse pessoal me vê com o mesmo respeito que tenho por eles. Sou eclético, tive uma escola muito boa. Quando comecei, como vendedor da [loja de discos" Rock & Soul, pude conhecer de tudo e sou muito agradecido por isso. Já fui pintor de parede, jardineiro, office-boy e fiz supletivo até chegar aqui. Você tem de ser humilde sem ser bobo. Encaro minha profissão como outra qualquer.


RAMILSON MAIA - show de lançamento do CD "DJ Ramilson Maia Apresenta Drum and Bass Brazuca". Onde: Orbital (r. Augusta, 2.894, São Paulo, tel. 0/xx/11/ 5096-0747). Quando: hoje, a partir das 23h. Quanto: R$ 8.

Onde: Teatro da Lagoa (av. Borges de Medeiros, 1.426, Lagoa, Rio de Janeiro, tel. 0/xx/ 21/2239-4242). Quando: amanhã, a partir das 23h. Quanto: R$ 30 (homens, com R$ 15 de consumação) e R$ 20 (mulheres, com direito a R$ 10 de consumação).



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