São Paulo, terça-feira, 19 de outubro de 2004

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ARTES CÊNICAS

Em cartaz há três anos em São Paulo, o show de humor de Grace Gianoukas é destaque de festival em Lisboa

"Terça Insana" vai a Portugal e deseja TV

VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Agora são "tipos" exportação. Aline Dorel, a atriz decadente viciada em Lexotan; Maria Botânica, a mal-amada cantora internacional; Betina Botox, a engajada representante do mundo gay-clubber, e seu Lili, o executivo paulistano, vão dar o ar da graça em Portugal.
Show de esquetes que varia tipos e temas a cada semana, o "Terça Insana" embarca neste mês para o 3º Festival Internacional de Humor de Lisboa.
Com bom público há quase três anos, primeiro no palquinho do N.Ex.T (Núcleo Experimental de Teatro), no centro de São Paulo, depois no bar Avenida, em Pinheiros, na região oeste da capital, o show atravessa, além do oceano Atlântico, uma "aura de prosperidade", nas palavras da diretora, atriz e uma das idealizadoras, a gaúcha Grace Gianoukas, radicada na cidade há duas décadas.
A reboque da média de 500 espectadores em 2004, que comem, bebem e riem, não importa a ordem, e do lançamento recente do DVD que leva o mesmo nome do show (pela Trama), a agenda deste e do próximo mês inclui novidades como o convite para festival internacional no Forum Lisboa (22 a 24/10), temporada no Rio de Janeiro, no teatro do Leblon (29/10 a 21/11); e passagem relâmpago por Porto Alegre, no teatro da PUC (27 e 28/11).
Também não faltam projetos na manga, a exemplo do que ocorreu com "Cócegas", de Heloísa Périssé e Ingrid Guimarães, elas que se desdobraram até em grife de roupa infantil.
Estão no papel, e o grupo corre por aí com eles embaixo dos braços, um programa de rádio ("Pílulas Insanas"), com inserções diárias, e outro de TV ("Terça Insana no Ar").
O desafio de atuar em outras mídias, diz Gianoukas, 40, corresponde à responsabilidade de, a cada semana, introduzir quadros e tipos identificados com o lado patético do cotidiano. "Os programas de humor por aí estão uma merda, com raras exceções", cutuca Gianoukas, a Aline Dorel do início.
"O "Terça Insana" tem uma linha na qual não cabe fazer quadrinhos convencionais, colocar no meio um cantor sertanejo, por exemplo, a não ser que fosse criação nossa."
Rio e Porto Alegre servem como termômetros para a versão "Grandes Momentos". A idéia é levar a outros Estados um apanhado da diversidade cultivada em estimadas 270 apresentações.
Cada sessão em SP custa entre R$ 8.500 e R$ 9.000, relativos a produção e cachês (são 15 pessoas na equipe, inclusive o elenco fixo). Não há patrocínio. A bilheteria é a principal fonte: 20% fica com o bar Avenida e 80%, com o "Terça Insana".
Na verdade, a "fábrica" já fatura em outras frentes. Dia desses, por exemplo, estavam lá os comediantes, num hotel em pleno litoral paulista, contratados para animar uma feira de produtos para depilação.
Daí que os demais dias da semana têm sido cada vez mais insanos para Gianoukas, Octávio Mendes (Maria Botânica), Marcelo Mansfield (seu Lili) e Roberto Camargo (Betina Botox), o quarteto-embrião.
No momento, junta-se a eles a comediante Ilana Kaplan. Também são protagonistas freqüentes Angela Dip, Graziella Moretto, Luís Miranda e outros.
O elenco se reúne toda quinta-feira para definir o tema da semana seguinte. Hoje à noite, o mote é "Mundo Cão". Na semana passada, foi "Tribos". Cada intérprete responde pelo seu texto e criação do personagem. Apresenta-os à equipe que ora endossa, ora dá palpites. Gianoukas faz as vezes de diretora, mas todos conjugam disponibilidade e autonomia, afirma ela.
Desde o surgimento, no final de 2001, o "Terça Insana" instaurou uma dúvida: em qual escaninho colocá-lo, se preciso fosse? No da comédia "stand-up", típico solo americano de cunho autobiográfico, ou no do teatro de revista, de filiação popular com a cena brasileira?
Um pouco de um e de outro. Ou simplesmente "comédia de revista", como passa a assumir o grupo. "Desculpem-nos, mas o que fazemos é brasileiro, com aqueles jeitinho e improviso típicos", diz Gianoukas.


TERÇA INSANA. Onde: bar Avenida (r. Pedroso de Moraes, 1.036, Pinheiros, São Paulo, tel. 0/xx/11/3814-7383). Quando: ter., às 22h (o tema de hoje é "Mundo Cão"; até 14/12 (retorna em fevereiro). Quanto: R$ 35. No Rio: teatro Leblon -°sala Fernanda Montenegro (r. Conde de Bernadotte, 26, Leblon, Rio de Janeiro, tel. 0/xx/21/2294-0347). Quando: ensaios abertos nos dias 29, 30 e 31/10; estréia no dia 5/11; sex. e sáb., às 22h30; dom., às 21h30; até 21/11. Quanto: R$ 20 (ensaios) e R$ 30.


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