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ARTES CÊNICAS
Em cartaz há três anos em São Paulo, o show de humor de Grace Gianoukas é destaque de festival em Lisboa
"Terça Insana" vai a Portugal e deseja TV
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Agora são "tipos" exportação.
Aline Dorel, a atriz decadente viciada em Lexotan; Maria Botânica, a mal-amada cantora internacional; Betina Botox, a engajada
representante do mundo gay-clubber, e seu Lili, o executivo
paulistano, vão dar o ar da graça
em Portugal.
Show de esquetes que varia tipos e temas a cada semana, o
"Terça Insana" embarca neste
mês para o 3º Festival Internacional de Humor de Lisboa.
Com bom público há quase três
anos, primeiro no palquinho do
N.Ex.T (Núcleo Experimental de
Teatro), no centro de São Paulo,
depois no bar Avenida, em Pinheiros, na região oeste da capital,
o show atravessa, além do oceano
Atlântico, uma "aura de prosperidade", nas palavras da diretora,
atriz e uma das idealizadoras, a
gaúcha Grace Gianoukas, radicada na cidade há duas décadas.
A reboque da média de 500 espectadores em 2004, que comem,
bebem e riem, não importa a ordem, e do lançamento recente do
DVD que leva o mesmo nome do
show (pela Trama), a agenda deste e do próximo mês inclui novidades como o convite para festival internacional no Forum Lisboa (22 a 24/10), temporada no
Rio de Janeiro, no teatro do Leblon (29/10 a 21/11); e passagem
relâmpago por Porto Alegre, no
teatro da PUC (27 e 28/11).
Também não faltam projetos na
manga, a exemplo do que ocorreu
com "Cócegas", de Heloísa Périssé e Ingrid Guimarães, elas que se
desdobraram até em grife de roupa infantil.
Estão no papel, e o grupo corre
por aí com eles embaixo dos braços, um programa de rádio ("Pílulas Insanas"), com inserções
diárias, e outro de TV ("Terça Insana no Ar").
O desafio de atuar em outras
mídias, diz Gianoukas, 40, corresponde à responsabilidade de, a
cada semana, introduzir quadros
e tipos identificados com o lado
patético do cotidiano. "Os programas de humor por aí estão
uma merda, com raras exceções",
cutuca Gianoukas, a Aline Dorel
do início.
"O "Terça Insana" tem uma linha na qual não cabe fazer quadrinhos convencionais, colocar
no meio um cantor sertanejo, por
exemplo, a não ser que fosse criação nossa."
Rio e Porto Alegre servem como
termômetros para a versão
"Grandes Momentos". A idéia é
levar a outros Estados um apanhado da diversidade cultivada
em estimadas 270 apresentações.
Cada sessão em SP custa entre
R$ 8.500 e R$ 9.000, relativos a
produção e cachês (são 15 pessoas
na equipe, inclusive o elenco fixo). Não há patrocínio. A bilheteria é a principal fonte: 20% fica
com o bar Avenida e 80%, com o
"Terça Insana".
Na verdade, a "fábrica" já fatura
em outras frentes. Dia desses, por
exemplo, estavam lá os comediantes, num hotel em pleno litoral paulista, contratados para animar uma feira de produtos para
depilação.
Daí que os demais dias da semana têm sido cada vez mais insanos
para Gianoukas, Octávio Mendes
(Maria Botânica), Marcelo Mansfield (seu Lili) e Roberto Camargo
(Betina Botox), o quarteto-embrião.
No momento, junta-se a eles a
comediante Ilana Kaplan. Também são protagonistas freqüentes
Angela Dip, Graziella Moretto,
Luís Miranda e outros.
O elenco se reúne toda quinta-feira para definir o tema da semana seguinte. Hoje à noite, o mote é
"Mundo Cão". Na semana passada, foi "Tribos". Cada intérprete
responde pelo seu texto e criação
do personagem. Apresenta-os à
equipe que ora endossa, ora dá
palpites. Gianoukas faz as vezes
de diretora, mas todos conjugam
disponibilidade e autonomia,
afirma ela.
Desde o surgimento, no final de
2001, o "Terça Insana" instaurou
uma dúvida: em qual escaninho
colocá-lo, se preciso fosse? No da
comédia "stand-up", típico solo
americano de cunho autobiográfico, ou no do teatro de revista, de
filiação popular com a cena brasileira?
Um pouco de um e de outro. Ou
simplesmente "comédia de revista", como passa a assumir o grupo. "Desculpem-nos, mas o que
fazemos é brasileiro, com aqueles
jeitinho e improviso típicos", diz
Gianoukas.
TERÇA INSANA. Onde: bar Avenida (r.
Pedroso de Moraes, 1.036, Pinheiros, São
Paulo, tel. 0/xx/11/3814-7383). Quando:
ter., às 22h (o tema de hoje é "Mundo
Cão"; até 14/12 (retorna em fevereiro).
Quanto: R$ 35. No Rio: teatro Leblon
-°sala Fernanda Montenegro (r. Conde de
Bernadotte, 26, Leblon, Rio de Janeiro,
tel. 0/xx/21/2294-0347). Quando:
ensaios abertos nos dias 29, 30 e 31/10;
estréia no dia 5/11; sex. e sáb., às 22h30;
dom., às 21h30; até 21/11. Quanto: R$ 20
(ensaios) e R$ 30.
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