São Paulo, domingo, 19 de outubro de 2008

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Crítica

Paixão e entrega movem a obra de Domingos

PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA

Por pouco o despojamento consciente dos filmes de Domingos Oliveira não se confunde com precariedade. Mas seria um erro julgá-los pela forma "amadora". "Juventude" é a melhor prova, entre as obras recentes do diretor, de que o desapego à técnica não é opção trivial, mas questão ontológica: seus filmes não existiriam de outra maneira. Pois Domingos é um poeta e dramaturgo de produção torrencial, que vive do jorro das palavras e da entrega dos atores. Impossível pensar seus filmes de outra forma que não esta: tomadas feitas com uma câmera meio selvagem, que segue os personagens com paixão.
"Juventude" é de uma entrega sem par no cinema brasileiro recente, tanto por parte de Domingos -que escreve, dirige e atua- como dos outros dois protagonistas: Paulo José e Aderbal Freire Filho. O texto é poético, engraçado e, no fim das contas, comovente.
Na parte diurna do filme, a imagem sofre com a luz "estourada", que invade as janelas da casa. Mas o problema se ajusta à noite, quando a fotografia encontra belos momentos. O que nos leva a pensar que, com mais cuidado técnico, "Juventude" poderia alçar vôo bem maior.


JUVENTUDE
Quando: hoje, 20h, no Cine Bombril 2; dia 26, 22h, no Unibanco Arteplex 3
Classificação: não indicado a menores de 14 anos
Avaliação: bom




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