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Crítica
Paixão e entrega movem a obra de Domingos
PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA
Por pouco o despojamento consciente dos filmes
de Domingos Oliveira
não se confunde com precariedade. Mas seria um erro julgá-los pela forma "amadora". "Juventude" é a melhor prova, entre as obras recentes do diretor,
de que o desapego à técnica não
é opção trivial, mas questão ontológica: seus filmes não existiriam de outra maneira.
Pois Domingos é um poeta e
dramaturgo de produção torrencial, que vive do jorro das
palavras e da entrega dos atores. Impossível pensar seus filmes de outra forma que não esta: tomadas feitas com uma câmera meio selvagem, que segue
os personagens com paixão.
"Juventude" é de uma entrega sem par no cinema brasileiro
recente, tanto por parte de Domingos -que escreve, dirige e
atua- como dos outros dois
protagonistas: Paulo José e
Aderbal Freire Filho. O texto é
poético, engraçado e, no fim
das contas, comovente.
Na parte diurna do filme, a
imagem sofre com a luz "estourada", que invade as janelas da
casa. Mas o problema se ajusta
à noite, quando a fotografia encontra belos momentos. O que
nos leva a pensar que, com mais
cuidado técnico, "Juventude"
poderia alçar vôo bem maior.
JUVENTUDE
Quando: hoje, 20h, no Cine Bombril 2; dia 26, 22h, no Unibanco Arteplex 3
Classificação: não indicado a menores de 14 anos
Avaliação: bom
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