São Paulo, quarta-feira, 19 de outubro de 2011 |
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CRÍTICA DRAMA "A Separação" aponta o dedo para a fratura social do Irã ANA PAULA SOUSA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Vencedor do Urso de Prata em Berlim neste ano, "A Separação" virou blockbuster no Irã e na França. O filme de Asghar Farhadi tem tido a capacidade de agradar tanto a censores do regime -os mesmos que condenaram o cineasta Jafar Panahi à prisão- quanto à crítica e ao público. E atenção: não se trata de filme simplificador ou acomodado. Ao contrário. Farhadi mostra a complexidade da sociedade iraniana e, mais do que isso, aponta o dedo para a fratura social e política do país. Tudo com um quê de suspense. Ao contrário de muitos outros filmes iranianos, "A Separação" tem um roteiro pontuado por reviravoltas e pequenas surpresas. A trama fala sobre o divórcio de Simin (Leila Hatami), que deseja sair do país com a filha em busca de uma vida melhor, e Naader (Peyman Moaadi), homem tradicionalista que quer apenas continuar onde sempre esteve. A partir do momento em que Simin sai de casa, Naader se vê obrigado a contratar uma mulher que possa ajudá-lo a cuidar do pai, que sofre do mal de Alzheimer. Detalhe: a cuidadora é casada com um homem conservador e violento e, para cuidar do velho incapaz de tomar banho sozinho, terá de desobedecer ao Alcorão. Com uma câmera que não teme as quatro paredes, Farhadi seguirá de perto uma história marcada por pequenas mentiras e regras burladas. Lá pelas tantas, os personagens são colocados à frente de um juiz. E é um pouco esse o lugar que nós, espectadores, ocuparemos. Com um roteiro que adere a vários pontos de vista, ficamos todos, juiz e público, cheios de incertezas -e elas só aumentam à medida que a história avança. Do confronto entre superstições e islã, desejo de emancipação e tradição, Farhadi extrai a pequena história individual e a grande história do Irã moderno. Chegou, enfim, aonde a arte, quase sempre, tenta chegar. A SEPARAÇÃO DIREÇÃO Asghar Farhadi PRODUÇÃO Irã, 2011 QUANDO hoje, às 15h20 e 19h50, no Estação Vivo Gávea CLASSIFICAÇÃO 14 anos AVALIAÇÃO ótimo Texto Anterior: Globosat, 20, luta para se manter na crista da onda Próximo Texto: Única chance: Scorsese reconta vida de Beatle Índice | Comunicar Erros |
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