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Violento e profano
da Redação
Os cinemas brasileiros deram as
costas para "Violento e Profano", a
aclamada estréia na direção do
ator britânico Gary Oldman, produção de 1997 assinada por Luc
Besson que foi escolhida no ano
passado para participar da mostra
competitiva do Festival de Cannes.
Desovada agora pelas locadoras
nacionais, uma forma de atenuar a
escorregada do calendário cinematográfico do país, a fita é uma
boa chance de ver um filme de
muitas credenciais, entre elas a de
posar de injustiçado por não ter levado a Palma de Ouro no citado
festival francês, apesar de levar o
prêmio de melhor atriz e de quase
emplacar o de melhor ator.
Este "Violento e Profano" convoca Gary Oldman para o time dos
ótimos diretores britânicos
(Danny Boyle, Mike Leigh...) que
levam às telas as fraturas expostas
do realismo social da nobre ilha.
O roteiro, escrito pelo próprio
Oldman em tom biográfico, é
construído como um conto amargo e sombrio sobre uma família inglesa decadente do sul de Londres,
envolvida com o que de mais
abundante a região tem a oferecer:
subemprego, drogas, bebida.
"Violento e Profano" tem seu foco centrado no difícil relacionamento do casal interpretado pelos
excelentes Ray Winstone (Raymond) e Kathy Burke (Val). E nos
problemas que atingem a avó, a
mãe e o cunhado de Val.
A ação fica por conta dos porres
do barra-pesada Raymond (espécie de "hooligan" do amor, capaz
de espancar a mulher grávida) e do
cunhado viciado em heroína Billy.
Mas é nas mulheres do filme que
está construída sua base emotiva:
em Val, em sua mãe e na mãe de
sua mãe, na eterna luta da mulher
inglesa por manter de pé conceitos
de amor e família em meio a tudo o
que há de podre no reino.
Três cenas espetaculares valem o
aluguel da fita: Val dançando sozinha na cozinha quando pensa estar
livre finalmente do marido que
dias atrás a havia espancado cruelmente; a de um drogado amigo de
Billy interpretando junto com a
TV a fala de Dennis Hopper em
"Apocalipse Now"; e a longa e pesada sequência de Ray, bêbado,
destruindo sua casa e chegando à
conclusão em uma conversa com o
espelho de que é dele a culpa da vida desgraçada que leva.
"Violento e Profano" é, além de
tudo, uma bonita fábula urbana
sobre a facilidade do amor em destruir para depois regenerar.
(LR)
²
Filme: Violento e Profano
Produção: EUA, 1998, 128 min
Direção: Gary Oldman
Lançamento: Columbia (tel. 011/5503-9898)
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