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MÚSICA
Big band norte-americana toca até domingo no teatro Alfa
Count Basie Orchestra
revive 64 anos de suingue
CARLOS CALADO
especial para a Folha
Uma respeitável instituição do
jazz norte-americano, com seis
décadas de atuação musical, desembarca em São Paulo para uma
curta temporada. A Count Basie
Orchestra se apresenta no teatro
Alfa até domingo.
Apesar de o pianista e "band
leader" Count Basie ter morrido
há 15 anos, a big band que herdou
sua marca continua mantendo
acesa a chama do suingue -o estilo orquestral de jazz que dominou os salões de dança e as paradas de sucessos durante as décadas de 30 e 40 nos EUA.
"Nossa banda está suingando
há 64 anos. Quando os jovens de
hoje vão nos ouvir, acabam
aprendendo o que é realmente o
suingue", diz o trombonista Grover Mitchell, que assumiu a direção da orquestra em 1995.
Músico titular da Count Basie
Orchestra por quase duas décadas, Mitchell é o quarto diretor
musical desde a morte de Basie.
Sua vasta experiência, acumulada
em períodos com outras big
bands de primeira linha, como as
de Duke Ellington e Lionel
Hampton, tem contribuído para
que a CBO viva hoje uma de suas
melhores fases.
"As pessoas esperam ouvir de
mim que fico muito excitado por
ser o líder da Count Basie Orchestra, mas não é tanto assim. Acho
apenas que esse é um ótimo emprego, para o qual eu estou muito
bem preparado. Afinal, acompanho a banda desde 1962", diz Mitchell, sem falsa modéstia.
Uma prova da boa fase da orquestra está em seu CD mais recente, "Swing Shift", ainda inédito
no Brasil. Interpretando composições e arranjos inéditos de Allyn
Ferguson, além de alguns clássicos do gênero, como "Blood
Count" (de Billy Strayhorn) e
"The Very Thought of You" (de
Ray Noble), a CBO continua tocando com altíssimo nível.
"Eu sempre digo aos arranjadores para que não tentem escrever
do jeito que a orquestra toca, porque não precisamos disso. Eles
têm de escrever da melhor forma
que puderem. O resto é conosco.
Se o arranjo for bom, vai soar
bem", diz Mitchell.
Segundo o maestro, uma amostragem desse material mais recente deve entrar nos shows deste
fim-de-semana, ao lado dos clássicos sucessos da big band, assinados por grandes arranjadores como Thad Jones, Ernie Wilkins,
Quincy Jones e Neil Hefti, que ajudaram a construir a história.
"Nós temos que tocá-los sempre. Esses arranjos são uma parte
muito importante do que nossa
orquestra significa hoje. É uma
música que continua soando
muito sofisticada e moderna até
hoje. É o que temos de melhor",
reconhece o diretor da CBO.
O estilo franco do maestro Grover Mitchell, 68, manifesta-se de
forma ainda mais aguda quando a
conversa se volta para a recente
onda de bandas inspiradas nos
anos 30 e 40, como Big Bad Voodoo Daddy e Royal Crown Revue,
que a mídia norte-americana batizou de "neo-swing".
"Eu costumo rir quando ouço
falar nesse "novo suingue". Isso
não é possível. Se você não toca o
verdadeiro, está fazendo apenas
um truque", alfineta.
Ainda assim, Mitchell reconhece um aspecto positivo nesse modismo. "Essas bandas estão chamando a atenção dos jovens para
o estilo, que sempre esteve por aí.
Hoje, em nossos shows, já vemos
muitas pessoas de 30 e 40 anos,
que cresceram ouvindo rock."
Show: Count Basie Orchestra
Onde: teatro Alfa (r. Bento Branco de
Andrade Filho, 722, Santo Amaro, tel. 0/
xx/11/5693-4000)
Quando: hoje e sábado, às 21h;
domingo, às 18h
Quanto: de R$ 60 a R$ 90 (meia-entrada
para estudantes, idosos e aposentados)
Hoje, excepcionalmente, não é publicada a
coluna Netvox
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