São Paulo, Sexta-feira, 19 de Novembro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MÚSICA

Big band norte-americana toca até domingo no teatro Alfa

Count Basie Orchestra revive 64 anos de suingue


CARLOS CALADO
especial para a Folha

Uma respeitável instituição do jazz norte-americano, com seis décadas de atuação musical, desembarca em São Paulo para uma curta temporada. A Count Basie Orchestra se apresenta no teatro Alfa até domingo.
Apesar de o pianista e "band leader" Count Basie ter morrido há 15 anos, a big band que herdou sua marca continua mantendo acesa a chama do suingue -o estilo orquestral de jazz que dominou os salões de dança e as paradas de sucessos durante as décadas de 30 e 40 nos EUA.
"Nossa banda está suingando há 64 anos. Quando os jovens de hoje vão nos ouvir, acabam aprendendo o que é realmente o suingue", diz o trombonista Grover Mitchell, que assumiu a direção da orquestra em 1995.
Músico titular da Count Basie Orchestra por quase duas décadas, Mitchell é o quarto diretor musical desde a morte de Basie. Sua vasta experiência, acumulada em períodos com outras big bands de primeira linha, como as de Duke Ellington e Lionel Hampton, tem contribuído para que a CBO viva hoje uma de suas melhores fases.
"As pessoas esperam ouvir de mim que fico muito excitado por ser o líder da Count Basie Orchestra, mas não é tanto assim. Acho apenas que esse é um ótimo emprego, para o qual eu estou muito bem preparado. Afinal, acompanho a banda desde 1962", diz Mitchell, sem falsa modéstia.
Uma prova da boa fase da orquestra está em seu CD mais recente, "Swing Shift", ainda inédito no Brasil. Interpretando composições e arranjos inéditos de Allyn Ferguson, além de alguns clássicos do gênero, como "Blood Count" (de Billy Strayhorn) e "The Very Thought of You" (de Ray Noble), a CBO continua tocando com altíssimo nível.
"Eu sempre digo aos arranjadores para que não tentem escrever do jeito que a orquestra toca, porque não precisamos disso. Eles têm de escrever da melhor forma que puderem. O resto é conosco. Se o arranjo for bom, vai soar bem", diz Mitchell.
Segundo o maestro, uma amostragem desse material mais recente deve entrar nos shows deste fim-de-semana, ao lado dos clássicos sucessos da big band, assinados por grandes arranjadores como Thad Jones, Ernie Wilkins, Quincy Jones e Neil Hefti, que ajudaram a construir a história.
"Nós temos que tocá-los sempre. Esses arranjos são uma parte muito importante do que nossa orquestra significa hoje. É uma música que continua soando muito sofisticada e moderna até hoje. É o que temos de melhor", reconhece o diretor da CBO.
O estilo franco do maestro Grover Mitchell, 68, manifesta-se de forma ainda mais aguda quando a conversa se volta para a recente onda de bandas inspiradas nos anos 30 e 40, como Big Bad Voodoo Daddy e Royal Crown Revue, que a mídia norte-americana batizou de "neo-swing".
"Eu costumo rir quando ouço falar nesse "novo suingue". Isso não é possível. Se você não toca o verdadeiro, está fazendo apenas um truque", alfineta.
Ainda assim, Mitchell reconhece um aspecto positivo nesse modismo. "Essas bandas estão chamando a atenção dos jovens para o estilo, que sempre esteve por aí. Hoje, em nossos shows, já vemos muitas pessoas de 30 e 40 anos, que cresceram ouvindo rock."


Show: Count Basie Orchestra
Onde: teatro Alfa (r. Bento Branco de Andrade Filho, 722, Santo Amaro, tel. 0/ xx/11/5693-4000)
Quando: hoje e sábado, às 21h; domingo, às 18h
Quanto: de R$ 60 a R$ 90 (meia-entrada para estudantes, idosos e aposentados)



Hoje, excepcionalmente, não é publicada a coluna Netvox

Texto Anterior: Vida Bandida - Voltaire de Souza: Light
Próximo Texto: Santo André vê hoje "O Barbeiro"
Índice

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.