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Procurador diz estar em cruzada; TVs são contra controle
DA REDAÇÃO
Evangélico e pai de uma filha de
um ano, o procurador da República Fernando de Almeida Martins, 34, do Ministério Público Federal em Minas Gerais, diz que está em uma "cruzada contra a baixaria na televisão".
Ele é autor de três das cinco
ações que resultaram em liminares contra o conteúdo da TV: uma
contra imagens de violência e exploração de dramas humanos no
"Repórter Cidadão" e "Canal
Aberto", da Rede TV!; uma que
obriga todas as redes a cumprir a
classificação etária para filmes do
Ministério da Justiça; e outra que
obrigava o SBT a exibir "Ilha da
Sedução" após as 22h.
"As emissoras não têm tido maturidade para se auto-regulamentar. A guerra pela audiência impõe níveis muito baixos. Não há
outra saída senão a pressão", diz.
Martins repele qualquer tentativa de atribuir à sua atuação conotação de censura. Porque, explica,
a mesma Constituição que abomina a censura também prevê
que a programação das TVs tem
de ser, entre outros aspectos, educativa e obediente a uma classificação indicativa por faixas etárias.
"Censura é um controle ideológico. O que existe é uma atuação,
prevista na Constituição, pela
proteção de crianças e contra a
exploração da sexualidade", diz.
"Eu nem vejo televisão. Atuo por
provocação de ONGs."
Embora não se veja em uma
cruzada, o promotor do Ministério Público Estadual de São Paulo
Vidal Serrano Jr., 36, católico,
quatro filhos, também tem argumentos semelhantes.
"Não há uma luta moralista. Limites mínimos têm de ser adotados e com muita cautela. Só entramos com ações em casos extremos", diz Serrano Jr., autor, ao lado de Motauri Chiochetti e de Deborah Pierri da ação contra a
MTV e de uma outra (também
com Chiochetti), que obriga o
SBT a exibir imagens de nudez e
sexo apenas com classificação do
Ministério da Justiça.
Para Serrano Jr., a classificação
indicativa de horário tem de ser
cumprida, apesar de as emissoras
pensarem que é apenas uma sugestão. Ressalva, no entanto, que
pode haver confusão entre limites
ao entretenimento e à informação
jornalística. "A informação jornalística é mais forte do que outros
direitos, como o de entretenimento, que também é um direito de
expressão", afirma.
Para o secretário nacional de
Justiça, Antonio Rodrigues de
Freitas Jr., as ações judiciais são
reflexo de reações "aos excessos
da TV". "A solução é a auto-regulamentação. É um processo de
amadurecimento."
Presidente da Abert (Associação das Emissoras de Rádio e Televisão), Paulo Machado de Carvalho Neto diz que essas liminares
tendem a cair em segunda instância. "Quando for invocada a
Constituição, elas caem. A nossa
posição tem sido absolutamente
ética no sentido de que a classificação, de acordo com a Constituição, é meramente indicativa", diz.
Para ele, a solução é a adoção de
um dispositivo que permita aos
pais bloquear cenas de sexo e violência para seus filhos.
Para a Globo, formas de controle externo podem levar à censura.
A emissora defende o controle interno de qualidade. A Rede TV!
afirma que o "Repórter Cidadão"
é um programa jornalístico e que
o "Canal Aberto" se presta a expor dramas apenas de pessoas
que a procuram para resolvê-los.
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