São Paulo, domingo, 19 de novembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Crítica/"Família Soprano - 4ª Temporada"

Série prepara uma explosão de violência

RODOLFO LUCENA
EDITOR DE INFORMÁTICA

Rever a quarta temporada da série televisiva "Família Soprano" é confirmar os méritos da história sobre o líder mafioso suburbano que tem de se equilibrar entre os (e nos) conflitos de ser um pai de família tradicional e um cappo criminoso.
De um lado, o sujeito procura educar seus filhos e manter a casa dentro de princípios retos, conservadores; de outro, é um sociopata, que se considera (e está) além e acima das regras normais de convivência.
A quarta temporada é de interregno -um momento de transição na história toda-, mas não de pasmaceira. Ela retrata a eclosão de uma crise na família e nos negócios de Soprano -os problemas econômicos da sociedade americana alavancam desavenças no mundo criminoso e também fazem aflorar insatisfações reprimidas no seio familiar.
A primeira-dama Carmela está esplendorosa ao longo dos 13 episódios -é sofredora, apaixonada, calculista, vingativa, muda de penteado e de atitude. Não por acaso, Edie Falco ganhou o Emmy de melhor atriz -o de melhor ator foi para James Gandolfini (Tony Soprano), que também dá show.

Violência
Além do valor dramático de cada episódio, é interessante ver como o criador David Chase usa essa temporada para lançar as bases dos dramas que virão depois. Vários só têm desenlace na sessão seguinte, apontada como uma das mais violentas da série. Mesmo agora, na sexta e última temporada (atualmente transmitida na HBO brasileira aos domingos), conversas e tramas remetem para fatos ocorridos então.
O julgamento do tio Júnior marca o início do entrevero da "famiglia" com a Justiça. Começa também o conúbio secreto entre Adriana e uma agente do FBI, que vai se estender até a temporada seguinte. Chris, namorado de Adriana e sobrinho dileto de Tony, está encalacrado com as drogas. Vai para a reabilitação, mas nada é final em sua relação com a cocaína.
Essas são algumas das crises que se abrem no seriado e vão se espalhar por episódios futuros. A mais dramática, é claro, e de mais impacto no desenrolar da série, é a que atinge o casamento de Tony e Carmela. Ao longo da quarta temporada, a união vai sofrendo baques e brechas. A primeira-dama sonha com conforto externo, que se esvanece, e acaba partindo para o vamos ver.
Por todas essas, a quarta temporada é, para "Família Soprano", como uma serpente que se enrodilha, preparando o golpe que virá. E será mortal.


FAMÍLIA SOPRANO -4ª TEMPORADA     
Criador:
David Chase
Distribuidora: Warner (R$ 110, em média)


Texto Anterior: DVDs - Crítica/"Muriel": Estranheza de obra de Resnais desafia a passagem do tempo
Próximo Texto: Nas lojas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.