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Crítica/"Otto; ou Viva Gente Morta"
Mortos-vivos fazem alusão à Aids e subvertem bom gosto
CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA
Os mortos-vivos saíram
de seus túmulos para
agredir e divertir. Seja
lá qual for nossa disposição para enfrentá-los, é inevitável saber que eles são sempre irresistíveis, ou seja, atacam e também contaminam.
E, desde que ganharam importância pelas mãos de George Romero, tornaram-se símbolos de parábolas políticas,
ícones da contracultura na forma de monstros resistentes,
excluídos e ameaça constante.
De olho no filão, Bruce LaBruce
gera uma versão "queer" dos
zumbis na forma de uma gangue de homens que se alimentam da carne fresca de jovens.
Toda a tradição politizada
dos zumbis encontra-se atualizada na figura de Otto, jovem
gay morto-vivo que passa pelas
etapas da exclusão, perseguição
e recusa de si e simboliza a reação que os contaminados pela
Aids tiveram nas origens da
epidemia, que chegou a ser chamada de "peste gay".
Em meio a slogans fáceis e a
uma releitura um tanto preguiçosa da malignidade zumbi, o
filme de LaBruce acerta ocasionalmente quando submete o
propalado bom gosto gay à exposição de vísceras e de orgias
sanguinolentas.
OTTO; OU VIVA GENTE MORTA
Produção: Canadá/Alemanha, 2008
Direção: Bruce LaBruce
Quando: hoje, à 0h, no Cinesesc; amanhã, às 20h50, no Espaço Unibanco 1
Classificação: 18 anos
Avaliação: regular
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