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MINISTÉRIO
Cantor diz que cartilha petista é embrião e quer mais incentivos
Gilberto Gil já se distancia do programa cultural do PT
IVAN FINOTTI
PATRICIA ZORZAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Gilberto Gil (PV) já se distancia
do programa cultural elaborado
pelos petistas nos últimos anos.
Ao anunciar anteontem que
aceitava o cargo de ministro da
Cultura, disparou que no programa há muita coisa que "precisa
ser aproveitada".
"Examinei o documento e há
muita coisa que precisa ser vista,
que precisa ser aproveitada. Evidente que aquilo era um embrião,
um primeiro conjunto de idéias
genéricas sobre a questão cultural
no Brasil. Precisamos partir para
o detalhamento e somar àquelas
idéias outras que devem vir de outras áreas, de partidos, do PV."
Hamilton Pereira, ex-secretário
de Cultura do DF e coordenador
do programa cultural petista -e
cotado para o cargo de ministro
da Cultura até a semana passada-, não quis comentar as declarações do provável futuro ministro (até o fechamento desta edição, o presidente eleito Lula não
havia feito o anúncio oficial).
Gil ainda não tem idéias específicas para implantar. "Acho cedo
até que isso seja cobrado, porque
recebi o convite há uma semana.
Temos que ouvir muita gente, nos
reportar ao programa do PT, ver a
avaliação cultural que a transição
está fazendo."
Mais incentivos
Mas já deu algumas dicas de
suas idéias, como a ampliação da
política de incentivos fiscais, característica que marcou os oito
anos do ministério comandado
por Francisco Weffort.
"Sou favorável aos incentivos
fiscais às empresas", disse Gil anteontem. "É preciso criar critérios
mais claros e estímulos para que
médias e pequenas empresas, que
somam uma quantidade enorme
de recursos, possam disputar esse
espaço com as grandes empresas.
É preciso que os pequenos empresários tenham benefícios
maiores do que os grandes."
Já o programa cultural do PT
prevê um controle e maior participação do Estado na decisão das
empresas sobre onde investir.
Na ocasião do lançamento do
documento, Hamilton Pereira
afirmou que as leis, da forma como estão, deixam a decisão de onde investir "exclusivamente para
os diretores de marketing das empresas", obedecendo "somente à
lógica de mercado". Disse ainda
que os recursos se concentram no
eixo Rio-SP e que se destinam basicamente a artistas renomados.
Sobre essa possibilidade de
maior controle estatal, Gil não falou anteontem, mas disse que "as
leis são importantes e têm funcionado, ainda que não em um nível
ótimo. Mas têm funcionado na
BA, SP, PE, por exemplo".
Rock e Bahia
O presidente do Partido Verde,
José Luiz Penna, sugeriu outras linhas de ação para seu filiado mais
famoso. "Com sua notoriedade,
Gil cria a possibilidade de recursos internacionais para a pasta",
falou Penna.
"Além disso, ele tem uma sensibilidade como produtor cultural
que pode transformar o ministério em uma usina de produção
cultural, deixando de ser apenas
um interlocutor."
Penna, que declarou que também quer palpitar no Ministério
do Meio Ambiente ("Fica no mesmo prédio, não é mesmo?"), já
trabalhou como artista. Participou da trilha sonora do filme
"Sargento Getúlio" ("Dirigido pelo Hermano Penna, meu primo")
e integrou a equipe de "Loucos
Por Cinema", de André Luiz Oliveira ("Trabalhei com a direção").
Sorrindo de orelha a orelha com
o inesperado cargo ganho pelo
PV, Penna explicou por que Gilberto Gil é o homem certo para a
pasta cultural: "A música popular
é importante tanto no PIB da Inglaterra quanto no da Bahia. Você
sabia que, na Inglaterra, o rock é
mais forte economicamente do
que muitas indústrias?".
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