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São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 2003

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ILUSTRADA

ABL elege Marco Maciel para a vaga de Marinho

HENRI CARRIÈRES
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Por 28 votos a nove, o senador Marco Maciel (PFL-PE), 63, derrotou ontem o escritor e jornalista Fernando Morais, 57, e conquistou a cadeira 39 da ABL (Academia Brasileira de Letras), ocupada anteriormente pelo empresário e jornalista Roberto Marinho, morto em 6 de agosto deste ano.
"Para mim, era algo inimaginável pertencer à Academia Brasileira de Letras", disse Maciel, que aguardou no hotel Glória (zona sul do Rio) o resultado da votação. É praxe que os candidatos não residentes no Rio se hospedem num hotel enquanto ocorre a votação secreta, na Sala da Sessão do Petit Trianon (sede da ABL).
Apesar de ser autor de obras jurídicas e de alguns estudos sobre o liberalismo, Maciel ingressa na ABL mais como personalidade pública do que como um homem de letras.
Segundo o acadêmico Marcos Vilaça, de quem partiu o convite para que Marco Maciel disputasse a cadeira nš 39, o ex-vice-presidente (1995-2002) integrará na Academia o "grupamento dos expoentes".
Alberto da Costa e Silva, presidente da instituição, concorda com a observação de Vilaça. "A Academia não tem de abrigar apenas escritores, ela tem de abrigar os expoentes da vida nacional que escrevem. Por isso ela teve em seus quadros Osvaldo Cruz, Santos Dumont, Getúlio Vargas", disse Costa e Silva, que será substituído hoje na presidência da ABL pelo poeta e tradutor Ivan Junqueira.
Mencionando o senador e acadêmico José Sarney, Maciel disse que a relação com o mundo da cultura também faz parte do ofício político. "Para o homem público, nada que é humano lhe é estranho."
Com a admissão de Maciel na ABL, sobe para três o número de pernambucanos entre os atuais membros. Os outros são Evanildo Bechara e Marcos Vilaça.
Para poder frequentar as atividades da ABL, Maciel afirmou que agora incluirá em sua agenda "uma presença mais frequente no Rio de Janeiro".

Enorme oponente
Principal adversário de Marco Maciel, o mineiro Fernando Morais, passou o dia no hotel Copacabana Palace, na zona sul da capital carioca.
Antes do escrutínio, Morais, que acaba de lançar o livro "Cem Quilos de Ouro", pela Companhia das Letras, já havia reconhecido que a disputa seria difícil. "É um enorme oponente, um homem com uma história de vitórias eleitorais. Nunca perdeu uma eleição na vida", disse o escritor.
Morais afirmou que não voltará a tentar uma vaga na ABL. Hoje, ele embarca para Portugal, onde descansará da campanha para acadêmico.
"É mais difícil do que ser candidato a governador de São Paulo", afirmou ele, que se candidatou ao governo do Estado em 2002, pelo PMDB, mas acabou desistindo da disputa.


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