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Filarmônica de NY apresenta estreias e Twitter
Durante concerto de anteontem, que contou com obra de brasileiro, orquestra convidou internautas a interagirem
Experiência começou de forma tímida; "Macunaíma", de Arthur Kampella, causou surpresa, curiosidade e risos nos espectadores presentes
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
"Macunaíma" encontrou o
Twitter no concerto. A estreia
da série Contact!, da Filarmônica de Nova York apresentou
anteontem quatro estreias de
novas composições, entre elas,
"Macunaíma", do brasileiro Arthur Kampela. A série de música contemporânea contou com
um elemento a mais: um seleto
grupo de blogueiros e espectadores que traduziam o evento
para a fórmula concisa de 140
caracteres do Twitter.
A experiência da Filarmônica de Nova York começou de
maneira tímida. Os "twitteiros"
deviam se sentar no balcão para
não atrapalhar o espetáculo. A
maior parte do público ocupou
o primeiro andar, mas, aos poucos, celulares e até mesmo um
laptop começaram a sair das
bolsas para descrever música.
Quando a concisão é a tônica,
nem sempre o didatismo é
prioridade. "Uma nova esperança: Arthur Kampela entrega
uma "jungle boogie'", afirma
um internauta.
A obra do brasileiro causou
surpresa, curiosidade e, em alguns espectadores, reverência.
A simples explicação de Kampela de que Macunaíma é um
herói sem caráter, que nasce
negro e vira branco, causa risos
na plateia. E a surpresa não parava aí. A disposição da orquestra em semicírculo, como explicou Kampela, não é gratuita.
Ele procura explorar novas
possibilidades acústicas e novos usos para instrumentos.
Os músicos se movem durante a apresentação, alguns vão
para a coxia, de onde continuam a tocar, outros tocam instrumentos pouco comuns.
Kampela explica que está interessado na diferença entre escutar e ouvir atentamente, o
que está ligado à imaginação.
Apresentado à plateia como um
virtuose no violão, ele mora em
Nova York e fez doutorado na
Universidade Columbia.
A primeira parte da apresentação começa com a obra "Game of Attrition" (jogo de atrito,
em tradução livre), da americana Arlene Sierra. Ou como define outro internauta: "Todo
mundo usando roupa preta, como de hábito. Magnus Lindberg entrevistando Arlene
Sierra para uma conversa de
atrito antes do concerto, seleção natural". A obra de Sierra
foi inspirada no trabalho de
Charles Darwin, e soa como um
duelo de sons e instrumentos.
Lindberg é o compositor-residente da orquestra na temporada 2009-2010, e durante a
apresentação fez pequenas entrevistas com cada um dos
compositores. É assim que o
público fica sabendo, por
exemplo, que a bela "Verge", do
chinês Lei Liang, foi inspirada
no nascimento do filho do compositor. Liang explica que enquanto via a mulher ganhar
presentes, decidiu criar um
"cobertor sonoro" para o filho.
A obra "Melodia", do francês
Marc-André Dalbavie, também
fez parte da apresentação.
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