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Sofisticação e tecnologia também pressionam preços
DA SUCURSAL DO RIO
A meia-entrada é a principal
causa dos aumentos apontada
por produtores, mas não é a
única. Salas de cinema mais sofisticadas -e que demandam
investimento maior-, profissionalização crescente dos espetáculos e uma alegada expansão de custos também pressionaram os preços ao consumidor nos últimos anos.
"Todos os custos subiram.
Ficou mais caro produzir uma
peça", diz Eduardo Barata, produtor e presidente da APTR
(Associação dos Produtores de
Teatro do Rio de Janeiro).
Segundo os produtores e exibidores ouvidos pela Folha, os
fornecedores corrigiram -e
muito- suas tabelas.
Barata afirma que, em 2006,
pagava R$ 6.000 semanais de
piso pelo aluguel de um teatro.
De acordo com ele, o preço subiu para R$ 8.000 neste ano. As
locações de equipamentos
também ficaram mais caras,
diz o produtor.
A produtora Vera Setta, do
colegiado da APTR, diz que,
nos anos 70, "todo mundo fazia
tudo". Ou seja, o teatro era
mais "amador", diz ela. A realidade hoje mudou, o que encareceu as montagens, que passaram a demandar mais profissionais e se sofisticaram, segundo a produtora que encenará a peça "Monólogos da Vagina" no próximo mês, em São
Paulo.
Mais sofisticados também se
tornaram os cinemas, resultando num valor maior do ingresso, opina Marcelo França Mendes, do Grupo Estação.
"O ingresso subiu dessa maneira muito provavelmente
porque os cinemas inaugurados nos últimos anos têm características muito mais dispendiosas do que no passado,
como o fato de serem em shoppings, com muitas salas, com
equipamentos importados de
última geração", afirma.
Segundo ele, há uma competição "muito grande no setor".
"Cada exibidor busca um diferencial para o seu projeto, o
que na maioria das vezes o torna mais caro."
O modelo multiplex, diz, demanda mais investimento e,
com os altos juros no Brasil, "é
natural que essas empresas
procurem recuperar o investimento o mais rápido possível"
-leia-se, num prazo de cinco a
oito anos.
Sobre a meia-entrada, Mendes afirma que "certamente"
ela "encarece o preço do ingresso" e dá "a ilusão que cinema é mais caro". Em algumas
salas, o Estação cobra R$ 20 a
inteira no final de semana, mas
ele diz que o preço médio do ingresso recebido fica em cerca
de R$ 12.
"A meia-entrada é um tiro no
pé. Temos de cobrar mais caro
para compensar. Por isso, as
peças chegam a custar R$ 100",
diz Barata, que atualmente
produz uma peça no Rio com
direção de Marília Pêra.
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