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Crítica
"Miami Vice" une alta arte e indústria
PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Policial infiltrado em gangues -o que o obriga a ficar numa gangorra maluca entre cometer crimes para dar credibilidade ao seu personagem bandido e no final das contas mostrar sua verdadeira identidade
e pôr toda a turma em cana-,
Sonny Crockett deve ter seu coração batendo sempre no limite dos seus pulsos.
No limite e, também, meio
fechado para grandes romances. Mas não blindado, porque
ele cairá de amores por Isabel-
la, mulher de um traficante, o
que põe em risco a operação.
O diretor Michael Mann consegue, com esse fiapo de trama,
fazer de "Miami Vice" (TC
Premium, 22h) um dos melhores filmes recentes, utilizando
os largos recursos da indústria
para criar pessoalmente sua alta arte. O que, na prática, justifica a tese de que o mais importante no cinema é a forma.
É, por exemplo, por meio da
montagem e da câmera na mão
que Michael Mann reproduz a
pulsação taquicárdica de seus
personagens, sem deixar de lado a atenção aos detalhes ou à
contemplação, como na seqüência em que o tira passeia
de lancha com sua amada, o
que é mostrado como deleite
visual-sonoro em belíssimas
aéreas ao som de "One of These
Mornings", do Moby.
E não é supérfluo citar que
Sonny é Colin Farrell, e Isabella é Gong Li, casal de bastante
química. E graças, evidentemente, a Michael Mann, que
fez gastar muitos negativos até
chegar ao que vemos na tela,
que é de cair para trás de bom.
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