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Após desfile, Justiça penhora 48 roupas
Policiais militares e oficiais de Justiça quase impediram apresentação de Lorenzo Merlino por causa de ação trabalhista
ALCINO LEITE NETO
EDITOR DE MODA
CAMILA YAHN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Oficiais de Justiça, acompanhados de policiais militares,
quase impediram a realização
ontem do desfile de Lorenzo
Merlino. Com a ajuda de seu
advogado, o estilista conseguiu
dar prosseguimento à apresentação. Logo depois do desfile,
porém, a Justiça penhorou 48
peças da coleção de Lorenzo
Merlino que tinha acabado de
ser mostrada na SPFW.
O desfile transcorreu em clima muito tenso, tanto nos bastidores quanto na platéia, depois que se espalhou a notícia
da chegada da Polícia Militar,
que obrigou os jornalistas e fotógrafos a saírem do camarim.
O mandato de busca e
apreensão com que confiscaram as peças diz respeito a uma
dívida trabalhista movida por
uma ex-funcionária do salão
L'Équipe, da qual eram sócios
Eduardo Cinelli e os irmão Lorenzo e Davi Merlino. Segundo
o advogado do estilista, Remo
Higashi Battaglia, Cinelli era
sócio majoritário.
Ainda conforme o advogado
de Lorenzo, a ação é movida
contra a pessoa física de Lorenzo, e não contra a sua empresa
de moda. Ele afirma também
que a dívida seria responsabilidade de Cinelli -depois que
Lorenzo e David venderam a
ele a sua participação na empresa, em 2005. "Eu nem ia no
salão à época que se refere o
processo", diz Lorenzo. O salão
faliu há mais de um ano. Os oficiais de Justiça não quiseram
falar com a Folha. O jornal não
conseguiu falar com Cinelli.
A penhora das 48 roupas
-algumas peças únicas- quitaria o valor da dívida, cujo valor o advogado de Lorenzo não
quis revelar, mas comenta-se
que seja de R$ 30 mil.
O pedido de penhora foi feito
há dois dias, exigindo a apreensão das roupas antes do desfile.
Uma liminar movida anteontem pelo advogado de Lorenzo,
ainda não publicada, serviu para negociar com os fiscais que a
apreensão se desse após o desfile. "Vamos publicar a liminar
na segunda e recuperar as roupas", diz Battaglia.
Os oficiais de Justiça e a polícia chegaram ao Pavilhão da
Bienal, onde acontece a SPFW,
por volta das 13h, e foram encaminhados à sala do desfile por
Graça Borges, uma das diretoras da semana de moda. O advogado de Lorenzo já estava no
local. Os oficiais permaneceram nos camarins durante todo o desfile. Depois da apresentação, o estilista não pode receber a imprensa nem convidados no camarim, que era vigiado por policiais.
"Tive que ter um autocontrole absurdo. Trabalhei seis meses na coleção, ela precisava ser
apresentada", disse à Folha
Lorenzo, bastante abatido.
"É uma situação absurda, eu
não fazia parte mais da sociedade, nunca tive um problema
trabalhista com minha empresa de moda", afirmou ele.
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