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"Família" Tapa encena em SP repertório dramático nacional
Grupo faz panorama com produções próprias e montagens de parceiros
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
O Panorama do Teatro Brasileiro que o grupo Tapa apadrinha a partir de amanhã, em São
Paulo, tem dois textos de Nelson Rodrigues, dois de Jorge
Andrade, um de Oduvaldo
Vianna Filho e uma compilação
de histórias de Arthur de Azevedo. De atual, só Mário Viana
("Natureza Morta").
O diretor da companhia,
Eduardo Tolentino, adianta-se
à possível pecha de passadista:
"Já há quem faça mostras do
nosso teatro contemporâneo.
Sem tirar a importância dessas,
acho que lidar com releituras
da dramaturgia anterior é uma
lacuna da cena atual."
Segundo ele, "qualquer década na Broadway tem seus "bondes" ["Um Bonde Chamado Desejo'], "caixeiros viajantes" ["A
Morte de um Caixeiro Viajante']. Quanto mais "compadecidas", "vestidos" e "navalhas" tivermos, mais discussão haverá
sobre o que é o teatro brasileiro
e mais pontos de partida surgirão para novos autores."
A mostra de repertório no espaço Viga (leia ao lado) traz
apenas dois espetáculos do Tapa, "As Viúvas" e "A Moratória". Os outros são do coletivo
Das Dores ("Pedreira das Almas" e "Doroteia"), projeto paralelo do ator do Tapa Brian Penido Ross, e de atores que frequentaram o núcleo de estudos
da companhia ("Mão na Luva"
e "Valsa nº 6"). O solo "Natureza Morta" é convidado.
Justamente por abarcar trabalhos "que nasceram no Tapa,
mas têm vida própria", o panorama tem por subtítulo "2ª Geração". São voos autônomos de
atores e diretores amadurecidos nas fileiras da companhia.
Lacunas
No recorte histórico da dramaturgia brasileira que o panorama propõe, pode-se acusar a
ausência do teatro engajado e
marcante de Gianfrancesco
Guarnieri e Augusto Boal.
"Toda mostra que você faz
privilegia certas coisas. Se fosse
falar de lacunas, citaria o teatro
fora do eixo Rio-São Paulo ou a
dramaturgia feminina nacional", diz Tolentino, acrescentando que montar hoje textos
como "Eles Não Usam Black-Tie", de Guarnieri, "soaria ingênuo, pois o Brasil é politicamente muito mais complexo".
A mostra reafirma a aposta
do Tapa em temporadas longas
e reestreias periódicas, num
circuito em que a vida útil das
peças dificilmente ultrapassa
os dois meses. "Numa cidade de
20 milhões de habitantes, um
espetáculo muito visto ainda
não foi visto o suficiente. O
efeito [do panorama] é como o
de um festival de cinema. Todo
mundo corre para ver", completa o diretor.
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