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"Não havia obsessão com magreza", diz Naomi
Para top model inglesa, moda deixou de aceitar
a individualidade e diversidade das modelos
EVA JOORY
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A top model inglesa Naomi
Campbell passou dois dias no
Brasil, fotografando a campanha da marca Morena Rosa,
substituindo Grazi Massafera.
Às vésperas de completar 40
anos (em 14 de abril), e de comemorar 25 anos de carreira,
Campbell falou à Folha sobre a
era das supermodelos e a magreza excessiva das modelos.
FOLHA - O que mudou na moda
desde as supermodelos?
NAOMI CAMPBELL - Tudo mudou.
Nós fomos extremamente
abençoadas. Éramos uma turma de mulheres certas no momento certo. O que nos ajudou
foi que éramos amigas, ajudávamos umas às outras. Não havia competição entre nós.
FOLHA - Vocês sofriam pressões
para ficarem magras?
NAOMI - De jeito nenhum. Nos
anos 90, não havia essa celebração das androginia que existe
hoje, éramos bem femininas, tínhamos curvas, peitos. Não havia na moda essa obsessão com
a magreza. As meninas hoje
têm que estar bem preparadas
psicologicamente, porque da
mesma maneira que há magreza, há a obesidade. Na maioria
das vezes, essas garotas são sozinhas, não têm estrutura nem
família por perto. É fácil enlouquecer com essa história. Na
nossa época, éramos tratadas
como indivíduos, não precisávamos ser iguais. Porque as
mulheres são diferentes, têm
formas e energias diferentes.
FOLHA - O que falta para ampliar a
inclusão de modelos negros na moda?
NAOMI - As pessoas não conseguem enxergar que nossa cultura é pop, um mix de etnias, de
cores. É preciso que as pessoas
aceitem as diferenças. Até hoje
não se vê negros nas campanhas de moda. No ano passado,
isso ficou bem evidente, nenhuma negra esteve em publicidade de moda. Esse assunto
não é para ser algo momentâneo, é para a vida toda. Deveria
ser um estilo de vida.
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