RODRIGO BERTOLOTTO
de Buenos Aires

O musical ``Evita'' estréia hoje em 85 salas em toda a Argentina ainda sob a polêmica iniciada pelo presidente em exercício do país, Carlos Ruckauf, e o diretor do filme, Alan Parker.
Parker reforçou suas críticas a Ruckauf, que convocou o povo argentino a boicotar a superprodução norte-americana.
``Foi uma atitude muito tonta e cínica. Não corresponde a um político dizer às pessoas o que devem ver no cinema'', afirmou Alan Parker.
``Falei com muitos argentinos, e ninguém levou a sério as declarações de Ruckauf.''
Por seu lado, o peronista Ruckauf respondeu às afirmações do cineasta inglês.
``Não vi o filme, mas sei seu conteúdo porque li o script da ópera-rock em que está baseado'', disse.
``Por isso, digo que é melhor ficar em casa vendo televisão do que ir ao cinema para ver esse insulto à memória de Eva Perón'', afirmou o político, que substitui na presidência a Carlos Menem, em viagem oficial ao Sudeste Asiático.
``Evita'', de Alan Parker, parte do musical criado pelos britânicos Andrew Lloyd Webber e Tim Rice para contar a vida de Maria Eva Duarte de Perón, primeira-dama argentina entre 1946 e 1952, ano de sua morte aos 33 anos, em consequência de um câncer.
A ópera-rock, que estreou em 21 de junho de 1978, relata a vida de Evita, que passou de atriz de radionovelas a líder da política social do país pelas mãos de seu marido, Juan Domingo Perón.
Lucros
O possível boicote dos argentinos não vai atrapalhar as finanças do filme.
No circuito mundial há quase dois meses, ``Evita'' já arrecadou US$ 120 milhões, pagando de longe os US$ 55 milhões que foram gastos em sua produção.
Mas o filme, que havia ganhado o Globo de Ouro, não teve igual sucesso nas indicações ao Oscar, conseguindo apenas cinco indicações, todas para categorias menores.
O esquecimento da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood de indicar a cantora Madonna -que interpreta Evita e que havia recebido o Globo de Ouro de melhor atriz de comédia- para o Oscar de melhor atriz também frustrou seus realizadores.
``Madonna está despedaçada. É impossível responder qualquer coisa. É um verdadeiro mistério de Hollywood'', afirmou o diretor Parker.
A Argentina deve viver uma onda de protestos de grupos peronistas por todo o país.

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