|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÚSICA
Quarta edição do Panorama Percussivo Mundial (Percpan) reunirá artistas de sete países em março, na Bahia
Salvador abriga ``festival de resistência''
LUIZ ANTÔNIO RYFF
enviado especial a Salvador
O 4º Panorama Percussivo Mundial (Percpan) promete unir tradição e modernidade entre os dias 20
e 22 de março, em Salvador.
O festival reunirá 11 atrações de
sete países diferentes. O Brasil estará representado por Caetano Veloso, Jorge Ben Jor, Carlinhos
Brown, Jongo da Serrinha e Samba
de Roda de Cachoeira.
Do exterior virão The Drummers
of Burundi (Burundi), Bharata
Muni (Bali/Indonésia), Savion
Glover (EUA), Rhytmstan Bul
(Turquia), Inti Illimani (Chile) e
Rhythm Explosion Caribean (Porto Rico).
É um ``festival de bandeira'', como define o cantor Gilberto Gil,
que divide a direção artística do
evento com o percussionista Naná
Vasconcelos.
O Percpan é um festival em que a
maior parte das atrações é desconhecida do público.
``A maioria desses músicos que
vêm para cá vocês nunca ouviram
aqui. Não há nem discos lançados
por aqui'', afirma Naná.
Até por conta desse caráter pouco ``comercial'' do festival, Gil reconhece que o Percpan é um produto para um público mais exigente e segmentado.
Tanto Gil quanto Naná, entretanto, ressaltam a importância de
um intercâmbio maior com culturas diversas.
``Em tempos de globalização é
preciso mostrar a importância da
diversidade'', afirma Gil, para
quem o festival tem ``um caráter
de evento de resistência''.
Workshops
Gil e Naná salientam que o festival tem uma outra vertente tão importante quanto os shows: os
workshops e encontros entre músicos locais e estrangeiros fora do
palco do teatro Castro Alves -onde os espetáculos ocorrem.
Há dois anos, por exemplo, um
grupo cubano acabou cantando
em um terreiro de candomblé,
com os frequentadores do local.
Para os diretores artísticos do
festival, um evento desse tipo só
poderia ocorrer na Bahia.
``A Bahia é um lugar que pode
hospedar com toda hospitalidade
um tipo de evento como esse. É um
local privilegiado, aqui é um tambor da nação'', afirma Gil. ``A Bahia é o coração do Brasil, a África
brasileira'', completa Naná.
Anabolizantes
O Percpan não terá desdobramentos em outras cidades, como
chegou a ser aventado inicialmente. A organização tentou fazer parte do evento em São Paulo, mas
não encontrou patrocínio.
``Eu venho tentando, mas não
tenho conseguido nada'', lamenta
a produtora Beth Cayres, que idealizou o projeto.
Gil vê com reservas a expansão
do festival. ``Seria fácil dar anabolizantes para fazer a musculatura
crescer rápido. Mas é preciso preparar o festival para a maratona. O
Percpan é um corredor de maratona'', diz, torcendo para a longevidade do evento.
``Faço votos que o Percpan se
torne uma referência importante
no futuro, que possa se tornar um
festival de calendário'', diz Gil.
O jornalista Luiz Antônio Ryff viajou a convite
da organização do festival
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|