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Música
"Ensaio" revê vida de Adoniran Barbosa
RAQUEL COZER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Se a imagem de Adoniran
Barbosa aos 70, voz rouca de fumante, cantando "Saudosa Maloca" não basta para ajudar a
entender o maior nome do
samba de São Paulo, o compositor trata de dar outra pista ao
desmentir sua própria cronologia no "Ensaio Especial" dedicado a ele.
Gravado em 1972, o programa exibido hoje na Cultura assinala as datas de nascimento e
morte do músico (1910-1982),
mas Adoniran diz que não foi
bem assim: nasceu foi em 1912,
e a família adulterou o "batistério" para ele "pegar no basquete" mais cedo, "que a fábrica
não aceitava gente com dez
anos, só com 12".
Ninguém duvida de que a
precocidade tenha ajudado a
criar o melhor tradutor da alma
paulistana, com seu linguajar
mezzo caipira, mezzo italiano.
A vida do entregador de marmita que roubava uns bolinhos
("Não era malandragem, era fome") e que virou compositor
gravado por Elis Regina não
chegou a ser fácil. "Entrei na rádio porque quis, ninguém quis,
ninguém quer, até hoje batem
na minha cara a porta."
Entre um e outro causo em
tom confessional de mesa de
bar, fica a sensação de que não
se sabe da missa um terço. Talvez porque a maior riqueza das
vivências de Adoniran esteja
mesmo em letras como "Samba
do Arnesto" e "Tiro ao Álvaro",
que dispensam apresentações.
ENSAIO ESPECIAL
Onde: Cultura
Quando: à 1h15
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