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EVENTO FOLHA
Debate expõe veredas que Guimarães Rosa traçou
da Reportagem Local
Um debate promovido anteontem pela Folha e
pela "Revista
USP" no auditório da Folha
ilustrou que a
obra de João Guimarães Rosa pode levar a mais caminhos do que
os que o escritor percorreu na Serra das Araras (MG) para escrever
"Grande Sertão: Veredas".
Estiveram debatendo Antonio
Medina Rodrigues, professor de
língua e literatura grega da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências
Humanas da USP - FFLCH, Willi
Bolle, professor do Departamentos de Letras Modernas da mesma
faculdade e Ana Luiza Martins
Costa, doutoranda em literatura
comparada pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro, três colaboradores de edição recém-lançada da "Revista USP" sobre 30 anos
sem Guimarães Rosa (1908-1967).
A mediação foi de José Geraldo
Couto, da Equipe de Articulistas
da Folha.
Medina Rodrigues abriu o debate sinalizando uma vereda pouco
usual com relação a Rosa.
Disse que a obra do escritor,
"pouco homogênea", tem a habilidade com a linguagem como "prima-dona". Mas o professor sublinhou que uma parte do que Rosa
criou não teve o "esconde-esconde de signos", a criatividade linguística, como atriz principal.
E é essa porção, em que "Rosa
mostra uma determinada realidade e essa realidade vai solicitando
dele as palavras adequadas", que o
professor disse ser a mais bonita
produzida pelo escritor.
Sem entrar em conflito com Medina Rodrigues, Willi Bolle sinalizou um caminho de trilha bastante
distinta. Para o professor, que diz
"vestir a camisa" de "Grande Sertão: Veredas", Rosa propõe um retrato muito colorido do Brasil.
Rosa usaria "uma linguagem sui
generis que desafia o leitor a encontrar uma percepção do Brasil
que ele teve de maneira fecunda".
O professor concluiu dizendo
que "é tarefa dos críticos entendermos as cores desse retrato".
A exposição de Ana Luiza Martins Costa teve como direção apresentar alguns matizes dessa "fotografia do país" escrita por Rosa.
A pesquisadora tem como matéria-prima o arquivo do escritor,
em poder do Instituto de Estudos
Brasileiros da USP.
Em um caderno de anotações de
Rosa, Ana Luiza encontrou estudos sobre Homero. Ela mostrou
que algumas características épicas
do criador de "Ilíada" e da "Odisséia" pontuam os muitos caminhos da obra do escritor mineiro.
(CASSIANO ELEK MACHADO)
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