São Paulo, sexta, 20 de fevereiro de 1998

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EVENTO FOLHA
Debate expõe veredas que Guimarães Rosa traçou

da Reportagem Local

Um debate promovido anteontem pela Folha e pela "Revista USP" no auditório da Folha ilustrou que a obra de João Guimarães Rosa pode levar a mais caminhos do que os que o escritor percorreu na Serra das Araras (MG) para escrever "Grande Sertão: Veredas".
Estiveram debatendo Antonio Medina Rodrigues, professor de língua e literatura grega da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da USP - FFLCH, Willi Bolle, professor do Departamentos de Letras Modernas da mesma faculdade e Ana Luiza Martins Costa, doutoranda em literatura comparada pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro, três colaboradores de edição recém-lançada da "Revista USP" sobre 30 anos sem Guimarães Rosa (1908-1967).
A mediação foi de José Geraldo Couto, da Equipe de Articulistas da Folha.
Medina Rodrigues abriu o debate sinalizando uma vereda pouco usual com relação a Rosa.
Disse que a obra do escritor, "pouco homogênea", tem a habilidade com a linguagem como "prima-dona". Mas o professor sublinhou que uma parte do que Rosa criou não teve o "esconde-esconde de signos", a criatividade linguística, como atriz principal.
E é essa porção, em que "Rosa mostra uma determinada realidade e essa realidade vai solicitando dele as palavras adequadas", que o professor disse ser a mais bonita produzida pelo escritor.
Sem entrar em conflito com Medina Rodrigues, Willi Bolle sinalizou um caminho de trilha bastante distinta. Para o professor, que diz "vestir a camisa" de "Grande Sertão: Veredas", Rosa propõe um retrato muito colorido do Brasil.
Rosa usaria "uma linguagem sui generis que desafia o leitor a encontrar uma percepção do Brasil que ele teve de maneira fecunda".
O professor concluiu dizendo que "é tarefa dos críticos entendermos as cores desse retrato".
A exposição de Ana Luiza Martins Costa teve como direção apresentar alguns matizes dessa "fotografia do país" escrita por Rosa.
A pesquisadora tem como matéria-prima o arquivo do escritor, em poder do Instituto de Estudos Brasileiros da USP.
Em um caderno de anotações de Rosa, Ana Luiza encontrou estudos sobre Homero. Ela mostrou que algumas características épicas do criador de "Ilíada" e da "Odisséia" pontuam os muitos caminhos da obra do escritor mineiro. (CASSIANO ELEK MACHADO)



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