São Paulo, sexta, 20 de fevereiro de 1998

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Tudo que é bom sai do ar

SÉRGIO DÁVILA
Editor da Ilustrada

De cara, é preciso esclarecer: "Seinfeld" é o melhor seriado de todos os tempos. Nunca houve e jamais haverá outro igual.
O maltratado telespectador brasileiro, acostumado a uma dieta de corpos dourados e outras bobagens novelísticas, deve se sentir como um etíope no Fasano ao assistir pela primeira vez à série.
Mas tudo que é bom sai do ar (variante kunderiana de "a vida é uma droga e amanhã você está morto"). No último Natal, Jerry Seinfeld, autor e ator principal, anunciou: exibe em maio o último episódio da série que leva seu nome, e acabou.
Não adiantou a NBC, uma das três maiores redes de TV aberta dos EUA, dona do programa, oferecer US$ 5 milhões por episódio para o comediante (num semestre, são exibidos 26; Seinfeld recebe atualmente US$ 1 milhão a cada um; faça as contas).
Seinfeld dá, assim, duas lições: dinheiro não é tudo (ou, como desconfiávamos, não há diferença entre US$ 1 milhão e US$ 5 milhões); e é preciso saber quando parar (alô, torcida do Flamengo).
Depois de nove anos no ar, ele sai por cima. Tão por cima que, raras vezes unânimes, a revista "Time" e o jornal "The New York Times" perguntaram: a América saberá viver sem "Seinfeld"?
Sem a série cujo "plot" é a desinteressante vida de quatro amigos nova-iorquinos e que, a custa de um roteiro tão bom que já virou tese, consegue fazer disso assunto para quase 200 episódios?
Meu palpite: não, a América não saberá. Pelo menos, não nós, aqui no quintal.

Seinfeld: Sony, terça, às 21h


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