São Paulo, Sábado, 20 de Fevereiro de 1999
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"Central" abre o Mercocine amanhã

JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas

Uma exibição de "Central do Brasil", de Walter Salles, e uma homenagem à atriz brasileira Fernanda Montenegro abrem oficialmente amanhã à noite o 1º Festival de Cinema do Mercosul (Mercocine), em Punta del Este (Uruguai).
Promovido pelo Ministério de Turismo do Uruguai e pela Intendência de Maldonado, o festival -que não é competitivo- vai exibir até 28 de fevereiro 18 longas-metragens produzidos recentemente na região (leia quadro ao lado).
O Brasil estará representado por seis filmes: "Central do Brasil", "Amor & Cia.", "O Viajante", "For All", "Amores" e "O Toque do Oboé", este último uma co-produção com o Paraguai.
A Argentina também tem seis longas no evento. Entre eles, destacam-se "El Viento Se Llevó lo Que", de Alejandro Agresti (programado para amanhã), e "La Nube", de Fernando Solanas (dia 27).
O filme de Agresti ganhou no último Festival de Havana o prêmio de segundo melhor filme, além dos de melhor roteiro e ator coadjuvante (para Ulises Dumont).
Conta a história de uma taxista de Buenos Aires que viaja ao sul do país para mudar de vida e chega a um povoado onde o único contato com o mundo exterior é proporcionado pelos velhos filmes exibidos no cinema local.
Já o filme de Solanas dividiu a crítica ao ser apresentado no último Festival de Veneza, com sua simbologia um tanto pesada: chove sem parar em Buenos Aires, pois uma nuvem gigante estacionou sobre a cidade, e as pessoas andam para trás.
Solanas tem em seu currículo obras importantes, como "La Hora de los Hornos" (1968) e "Tangos -Exílio de Gardel" (1985).
Outra atração argentina, pelo menos como curiosidade, é o longa de episódios "Mala Época", realizado por alunos da Universidade del Cine. São quatro histórias envolvendo distintas classes sociais de Buenos Aires.
A predominância de produções argentinas e brasileiras reflete a situação de precariedade do cinema no restante do continente.
O Uruguai, país anfitrião, comparece com apenas dois filmes ("Otario" e "El Chevrolé"), assim como o Chile ("El Hombre que Imaginaba" e "Gringuito") e a Bolívia ("Jonás y la Ballena Rosada" e "El Dia que Murió el Silencio").
O Paraguai tem apenas um representante ("O Toque do Oboé"), ainda assim uma co-produção com o Brasil.
Não se trata de um problema de seleção. É a produção que é mesmo incipiente na região.
Um dos objetivos do Festival do Mercosul é justamente contribuir para fazer frente a essa situação.
Segundo Benito Stern, ministro do Turismo do Uruguai e presidente da comissão organizadora do festival, a meta do evento é possibilitar "a aproximação e o maior entrosamento entre os realizadores e produtores do Cone Sul".
Além de Fernanda Montenegro, o festival homenageará também o produtor brasileiro Luiz Carlos Barreto e o ator e escritor uruguaio Antonio Larreta.


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