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Jorge Ben Jor diz que quer levar
teclado ao evento percussivo
PAULO VIEIRA
Editor-adjunto da Ilustrada
Jorge Ben Jor se apresenta amanhã no Percpan, mas ainda não
ensaiou um único número.
Ele vai levar ``meia banda'' -a
seção percussiva de seu conjunto- e tentará convencer o organizador, o percussionista Naná Vasconcelos, a deixá-lo ligar um tecladinho em sua apresentação.
"O Naná me convidou dizendo
que a minha música tem uma parte
percussiva muito forte. Mas eu
queria levar um teclado para fazer
a linha melódica'', disse Ben Jor
ontem à Folha, por telefone.
Ben Jor divide o palco com o
Grupo de Jongo da Serrinha (RJ),
que ele conhece, mas com quem
nunca se apresentou. Ensaiarão
juntos apenas em Salvador.
Ele, ao menos, já sabe o que vai
tocar: ``Moça Bonita'', ``Jorge de
Capadócia'', ``Fio Maravilha'',
``Santa Clara Clareou'' e possivelmente uma inédita, ``Don-Don''.
No sábado, Ben Jor deve voltar
ao palco, desta vez com as outras
atrações do evento, numa jam session internacional. "O couro vai
comer nessa jam session", afirma.
Salvador é uma etapa quase banal na agenda do músico, que se
encontra no meio da gravação de
um novo disco, pela Sony Music.
Ele não está tendo muito trabalho com isso. O disco será todo de
duetos, e a seleção de repertório
está sendo feita pelos artistas que
vão dividir as faixas com Ben Jor.
Entram na bolacha expoentes do
pop-rock e do funk que já interpretaram Ben Jor na vida, como
Skank, Fernanda Abreu, Funk'n
Lata e Cidade Negra. ``Eu entro
com a voz e, se der, uma guitarrinha'', diz Ben Jor. Idéia e produção
são de João Marcelo Bôscoli.
Apenas o Funk'n Lata já gravou
-a faixa é ``Domênica'', e Ben Jor
não lembra mais de que disco é (é
de "Força Bruta", de 70). O Cidade Negra deve levar "O Homem
da Gravata Florida", do antológico "A Tábua de Esmeralda" (74).
Outro compromisso que vem tomando seu tempo é a série de
shows que faz pelo Brasil, inaugurando lojas da locadora de vídeo
Blockbuster. São 15, ele já fez nove.
"É legal, fiz um show em Santana (zona norte de São Paulo) para
50 mil pessoas", diz. "Vai um público que não tem dinheiro ou
acha longe ir aos shows do Olympia ou do Palace."
Ben Jor não está muito seduzido
pela idéia de desenvolver um trabalho fortemente percussivo. Rechaça, por exemplo, a idéia de gravar um disco acústico -como fizeram Gilberto Gil e Titãs.
`` `Jorge de Capadócia' ficou melhor na versão da Fernandinha
Abreu'', diz ele. ``Se eu tivesse
aqueles teclados em 1975, seria
muito diferente'', exemplifica o artista.
Embora os elementos percussivos estejam muito mais presentes
nos discos dos anos 70, Ben Jor
não faz nenhuma questão de reavivar essa era: "Eu não quero que
reeditem meus discos antigos, como no caso da caixa do Caetano
Veloso. Estou interessado no meu
trabalho novo".
Ben Jor reclama das inúmeras
compilações que são lançadas de
sua obra, especialmente uma feita
pela PolyGram, também responsável pela reedição de seus discos
originais em CD -que, aliás, já estão esgotados.
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