São Paulo, segunda-feira, 20 de março de 2006

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SHOW/CRÍTICA

Santana some em favor da banda

DANIEL BUARQUE
DA REPORTAGEM LOCAL

O clima de concerto foi predominante na noite da última sexta-feira, durante a apresentação do guitarrista mexicano Carlos Santana, 58, na arena montada no Anhembi, em São Paulo. Longe da bagunça que normalmente caracteriza shows de grande porte em locais abertos, a apresentação manteve um clima de civilidade que raramente se vê.
No público, famílias completas, muitos casais e pessoas muito arrumadas, que eram encaminhados pelos organizadores ao local marcado, enquanto o show, que havia começado pontualmente às 22h, já estava acontecendo. Tudo bem que ao soar da primeira nota da guitarra do mestre mexicano não havia mais ninguém sentado, mas quase todos mantiveram-se ordeiramente em seus lugares.
No palco, um desavisado poderia identificar como Santana o vocalista Andy Vargas, tamanho era o domínio que ele tinha da cena. Enquanto o lendário guitarrista se misturava ao restante de sua banda, não falava e apenas dançava enquanto tocava, Vargas corria de um lado para o outro, dialogava com a platéia e dançava.
Apagado em seu próprio palco, Santana aparecia mais nos telões e dominava a sonoridade do grupo com uma guitarra pungente, que esbanja virtuosismo sem apostar corrida na troca de notas, mas explorando as nuanças de cada mínima mudança de tom. Ele sola, faz bases, melodias, citações a bandas clássicas como The Doors, Yes e Rolling Stones e é o centro da música de todo o grupo.
Bom entendedor de música, Santana montou um time de músicos altamente capacitados e oferece a eles espaço para que apareçam. O baixista Benny Rietveld protagonizou um dos momentos mais emocionantes do show, ao tocar sozinho a melodia de "Romaria", imortalizada por Elis Regina e acompanhada por um coro de quase 20 mil pessoas.
No longo repertório que completou duas horas e meia de show, clássicas como "Evil Ways" e "Black Magic Woman" dividiram espaço com a recente explosão pop de "Smooth" e "Corazón Espinado", para aplausos de um público heterogêneo, que não foi atraído só pelos hits recentes.

Favelas, que favelas?
Santana fala pouco. Prega a paz. Coloca-se no mesmo patamar ideológico de grandes personalidades como Bob Marley, Bob Dylan e John Lennon, fala em anjos e critica a guerra.
Numa das poucas vezes em que se aventurou ao microfone, Santana dedicou o show aos "hermanos e hermanas de las favelas". Ao contrário da tradicional ovação a qualquer coisa falada em shows, o público -que havia pago pelo menos R$ 150 pelo ingresso-, parecia não saber como reagir.


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