Instrumentista leva ao Sesc Pinheiros clássicos do choro e "arranjos curiosos"

Aos 84 anos, o músico reduz o ritmo das apresentações por orientação médica, mas afirma que ainda depende do trabalho para sobreviver

MÁRIO MOREIRA
DA REDAÇÃO

Um dos maiores instrumentistas brasileiros e último dos grandes mestres do choro, o flautista Altamiro Carrilho apresenta-se em dois shows neste fim de semana no Sesc Pinheiros, em São Paulo. Aos 84 anos de idade e 66 de carreira, Altamiro entrou numa fase "bem moderada, porque o médico anda em cima".
Em 2007, ele implantou duas pontes de safena no coração. "Tenho que tomar cuidado, porque a flauta exige muito", diz o músico, que não pode mais fazer temporadas de vários dias seguidos. Apesar disso, ele afirma que "absolutamente" não pensa em parar. "Ainda dependo do trabalho para sobreviver. Aposentadoria de músico é muito baixa. E eu também não soube guardar dinheiro quando tocava com frequência no exterior", admite, para logo emendar no seu estilo jovial: "Mas também não me arrependo, porque a vida é para ser vivida".
Nos espetáculos em São Paulo, o músico fluminense promete tocar não só os maiores clássicos do chorinho, como "Carinhoso", de Pixinguinha e João de Barro, e "Brasileirinho", de Waldir Azevedo. As apresentações incluirão também "arranjos curiosos" para obras de compositores eruditos, como Brahms, Tchaikovski e Villa-Lobos, que Altamiro gravou em quatro coletâneas. "Vou explorar um pouquinho de cada uma.
E também o que o público pedir", afirma. Os shows marcam o lançamento oficial da caixa "Poesia do Choro", da Biscoito Fino, com três CDs de Altamiro -um de "interpretações históricas" e dois reproduzindo exibições no Teatro Municipal de Niterói, em 2006. "O resultado é uma boa mostra do que foi a minha carreira", acredita o músico.
A caixa saiu no ano passado, com tiragem inicial de apenas 500 cópias, que esgotou. Agora, chega ao público literalmente aos pedaços: os três CDs serão vendidos separadamente, a R$ 29 cada um, em média.