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DANÇA
Espetáculo resgata origens da
obra de Mário de Andrade
"Macunaíma"
foi escrito
na banheira
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
Editor-assistente da Folha Ribeirão
A "transcriação" inédita de "Macunaíma", de Mário de Andrade,
para a linguagem da dança recupera pela primeira vez em um espetáculo a passagem do escritor
modernista por Araraquara, cidade do interior paulista onde o livro
foi escrito.
O espetáculo é "Perfil Transitório", do grupo Gestus, e mostra o
nascimento do livro, em 1926, numa chácara da cidade que Mário
de Andrade costumava visitar para descansar e tratar da saúde.
"Macunaíma" começou a ser escrito em um banheiro, mais especificamente em uma banheira
francesa, na qual Mário se escondia para escrever em paz durante
as madrugadas.
Essas informações fazem parte
da tese de mestrado da bailarina e
coreógrafa Gilsamara Moura, 28.
A pesquisa deu origem ao espetáculo, que tem apresentação hoje
em São José do Rio Preto e no dia
16 de abril no Sesc Ipiranga, em
São Paulo.
"Fui da prática para a teoria, fazendo uma leitura para a dança do
livro do Mário de Andrade", diz
Gilsamara. Na primeira cena, ela
mistura o nascimento de Macunaíma ao surgimento do livro.
"Faço o personagem nascer de
dentro de uma banheira, como o
livro", explica ela.
O grupo tem cinco bailarinas e
um ator, que faz os papéis de Macunaíma e do próprio escritor.
O historiador da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Araraquara, Rodolpho Telarolli, conta que Mário de Andrade costumava passar férias na chácara do
"coronel" Pio Lourenço Corrêa,
um aristocrata erudito.
"Em 26, ele foi para lá se recuperar da depressão causada pela
morte de um irmão. Como estava
doente, a família o proibia de dormir tarde", conta Telarolli. Por isso as escapadas para o sossego do
banheiro.
A banheira francesa ainda existe.
O atual dono da chácara é o professor universitário aposentado
Waldemar Safiotti e ele diz que vai
preservar o local.
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