São Paulo, segunda, 20 de abril de 1998

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Contos mínimos
A insustentável leveza

HELOISA SEIXAS

Com o dedo indicador, o escritor aperta a última tecla, o ponto final. Dias, semanas, meses de prazer e dor, a embriaguez da fartura alternando-se com momentos de esterilidade em que mirava as palavras por escrever como se fossem as areias de um deserto. Nunca vou chegar lá, pensava. Mas chegou. Seu livro está pronto. E agora? Agora, não está feliz. Sente-se frágil, vazio, leve demais. Pensou que, prendendo-os no papel, se veria livre de seus fantasmas. Mas, suprema ironia, agora que deles se livrou está oco e só. Quer seus espectros de volta.



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