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Contos mínimos
A insustentável
leveza
HELOISA SEIXAS
Com o dedo indicador, o
escritor aperta a última tecla, o ponto final. Dias, semanas, meses de prazer e
dor, a embriaguez da fartura alternando-se com momentos de esterilidade em
que mirava as palavras por
escrever como se fossem as
areias de um deserto. Nunca vou chegar lá, pensava.
Mas chegou. Seu livro está
pronto. E agora? Agora,
não está feliz. Sente-se frágil, vazio, leve demais. Pensou que, prendendo-os no
papel, se veria livre de seus
fantasmas. Mas, suprema
ironia, agora que deles se livrou está oco e só. Quer
seus espectros de volta.
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