DA REPORTAGEM LOCAL

Pouco dado a vaidades, um dos intelectos mais afiados do Brasil ganha esta semana tripla homenagem. O filósofo Leandro Konder recebe hoje o Prêmio Intelectual do Ano, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
Amanhã, o professor da PUC-RJ participa do lançamento do livro "Leandro Konder: a Revanche da Dialética", que reúne ensaios sobre sua obra, e autografa o livro de ensaios "Lukács e a Atualidade do Marxismo", que contém sua famosa entrevista com o pensador húngaro Georg Lukács, feita em 1969, e as cartas que trocou com o entrevistado.
A série de homenagens ajuda a iluminar uma das trajetórias mais ricas e coerentes da intelectualidade nacional.
Aos 67 anos, Konder é um dos principais estudiosos do marxismo no Brasil. Começou a sua longa bibliografia sobre o tema com o estudo "Marxismo e Alienação", em 1965, e nunca mais abandonou as idéias do autor de "O Capital".
Mas o professor carioca não parou em Karl Marx. O livro "Leandro Konder: A Revanche da Dialética", resultado do seminário Jornadas de Ciências Sociais Leandro Konder, feito pela Unesp em 1998, ajuda a ilustrar a amplitude da atuação do intelectual.
O trabalho, lançado pelas editoras Boitempo e Unesp, mostra, por exemplo, o papel fundamental de Konder na apresentação ao Brasil das idéias de grandes marxistas do século 20, como o italiano Antonio Gramsci e o húngaro Georg Lukács.
O livro também lembra a contribuição do intelectual no ensaísmo nacional (incluindo a crítica literária e artística) e discute a militância política de Konder, que passou 30 anos filiado ao Partido Comunista Brasileiro.
Como são muitas as áreas de atuação de Konder, ficaram de fora algumas de suas peripécias. Uma delas é sua recente incursão pela ficção, com os romances "Bartolomeu" e o policial "A Morte de Rimbaud", lançado há dois anos. (CEM)