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DISCOS LANÇAMENTOS
Bill Evans expõe melancolia dos anos 60
MARCELO REZENDE
da Reportagem Local
São 269 composições, 21 horas
de música e 98 performances inéditas contidas em uma caixa de 18
CDs. E é também a comprovação
de que para o pianista norte-americano Bill Evans, morto em 1980,
nada parece soar excessivo.
Lançada há duas semanas na Europa e nos EUA, "The Complete
Bill Evans on Verve" tenta dar
conta da trajetória do "garoto
misterioso" durante parte dos
anos 60 ("Bill Evans - The Secret
Sessions", caixa de 8 CDs já editada pela Fantasy, mostra sua produção entre 1965 e 1975).
O jazz, naqueles anos, já não era
exatamente um gênero popular, e
Evans estava em um de seus mais
problemáticos momentos, afundando em dois vícios: o da heroína
e o da sofisticação de suas composições, que pretendiam o diálogo
com a tradição erudita.
Esse foi o período em que realizou "Alone", "Empathy" e
"Conversations with Myself",
além de seu celebrado encontro
com uma orquestra sinfônica, entre outros trabalhos para a Verve.
Como escreve um dos executivos
da gravadora, no livreto de 160 páginas que acompanha a caixa,
"sua produção era tão intensa que
todos tinham a impressão de que
ele lançava um disco a cada mês".
Mas, no princípio, não havia o
piano, e sim o violino. Nascido
William John Evans, em 1929, em
Nova York, foi obrigado, na infância, a aceitar o fato de que seu irmão mais velho seria o pianista.
O início com o instrumento de
cordas o obrigou a conhecer -e
estudar- os compositores europeus e não apenas os improvisadores da América.
Combinando essa formação com
a paixão pelos jazzistas de Nova
York e já nos teclados, iniciou sua
carreira no final dos anos 40, tocando para vários grupos. Isso durou até o momento em que encontrou o trompetista Miles Davis, em
1958. Para sua música, Evans encontrava também a si mesmo.
Aqueles que o conheceram em
seus primeiros anos têm como
lembrança um jovem branco que
tinha aspirações e fantasias em relação aos músicos negros.
Enquanto parte tentava largar as
drogas e viver da música em bases
mais profissionais, Evans desejava
o oposto. Pretendia um glamour
desaparecido. Havia chegado com
alguns anos de atraso.
Homossexual, fundou um trio
-hoje lendário- com o baterista
Paul Motian e o baixista Scott LaFaro, o maior amor de sua vida.
Em 1961, LaFaro morreu, aos 25
anos, em um acidente de carro, e
Evans, uma personalidade atraída
pela solidão, assumiu a melancolia, exposta nos títulos de seus discos, como "Você Tem Que Acreditar na Primavera" ou "Você
Ainda Vai Ouvir Falar de Mim".
Em "The Complete Bill Evans
on Verve", um pouco dessa história é contada por meio de composições, fotos, testemunhos e recriações de várias obras clássicas
da canção norte-americana.
Ao seu lado, estiveram o saxofonista Stan Getz, o guitarrista Jim
Hall (uma das pessoas que mais o
ajudaram depois de morte de LaFaro) e o baixista Ron Carter, entre
centenas de músicos.
Se Bill Evans morreu, como acreditam alguns, de saudades por alguém que amava, a intenção da
Verve, com essa caixa definitiva de
seus anos na gravadora, é que o
mesmo, agora, não se repita com
seus fãs.
Disco: The Complete Bill Evans on Verve
(caixa com 18 CDs)
Artista: Bill Evans
Lançamento: Verve
Quanto: R$ 320, em média
Onde Encomendar: Zeitgeist Music (r. 24
de maio, 62, 3º andar, loja 456; tel.
011/222-8173)
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