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Profissão é a que menos aparece e mais trabalha
especial para a Folha
Não são apenas os movimentos
de música popular que são cíclicos. Seus produtores também nascem, atingem um pico e, por vezes, desaparecem. Ou alguém ainda se lembra de Lincon Olivetti?
Olivetti imprimiu, na década de
70, ao seu maior guru, Gilberto
Gil, uma nova experiência. Saíram
os tambores e os acústicos e entraram os teclados. Gil surgiu mais
pop, mais dançante, influenciado
por Earth, Wind & Fire, e menos
exótico, primitivo, misterioso.
Parte da crítica acusou Olivetti
de ter pasteurizado um dos ícones
do tropicalismo.
Mas o público adorou, dançou
suas músicas, e Gil nunca vendeu
tanto em sua vida.
Liminha aparece, nos anos 80,
para trazer sua experiência e técnica aos quase garotos do rock brasileiro. Arredondou o som de Titãs, Paralamas e outros. Introduziu conceitos ao pão-pão-queijo-queijo baixo, guitarra e bateria.
Os anos 90 foram diversos. Dudu Maroti e seu balanço Skank.
Arto Lindsay e suas esquisitices.
Jacques Morelembaum e a bagagem erudita. Mas alguns ditames
permanecem.
O produtor é o que menos aparece e o que mais trabalha. E um
produtor pode levantar uma banda ou acabar com um disco (que o
diga o velho Tim Maia).
"Eu diria que, no Brasil, as gravadoras exploram ao máximo o
produtor, até ele virar um bagaço.
Os músicos e até a mídia se cansam do produtor. E destroem o cara", afirma Mitar Subotic, o Suba.
Ele diz que, no seu caso, cria um
time com o artista. "Dois pensando como um só. Tem de virar uma
unidade. Gosto das coisas mais sutis."
Para não virar suco, o produtor,
segundo ele, deve variar. "Eu somo a minha linguagem com quem
não tem nada a ver comigo. Formamos um terceiro elemento. Só
hoje entendo Mestre Ambrósio.
Teve uma faixa que me levou à
loucura."
Para falar de outros produtores,
Suba não economiza elogios. Olivetti é "um mestre saturado pela
mídia". Liminha é "um deus".
Lindsay é quem "mais tem coragem para embarcar no diferente".
Morelembaum é um "arranjador
maravilhoso".
(MRP)
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