São Paulo, Quinta-feira, 20 de Maio de 1999
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MÚSICA ÉTNICA
Festival abole as fronteiras do mundo

CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local

Prepare-se para uma viagem e tanto, que vai levar você para cruzar várias fronteiras do mundo. Mas, ao contrário das grandes viagens, em que se fica desnorteado com as mudanças de fuso, a viagem empreendida pelo festival Todos os Cantos do Mundo, que acontece a partir de hoje no Sesc Pompéia, só vai relaxar você.
"O que prevaleceu foi a idéia de trazer atrações internacionais de renome e inéditas no Brasil, levando em consideração a força e a diferença do trabalho. Essa distância que se coloca entre as culturas não existe. Esse festival é para que não se entre no novo milênio de uma maneira muito pasteurizada", disse a cantora Fortuna, responsável pela seleção das atrações.
O evento reúne, durante nove dias, oito atrações nacionais e seis internacionais inéditas no país (leia quadro ao lado).
Trata-se, por assim dizer, de uma viagem circular, assim como é o espírito de canções apresentadas por alguns destaques do evento, como a cantora siberiana Sainkho. Assim como todas as outras atrações internacionais, Sainkho vem pela primeira vez ao Brasil para apresentar basicamente o repertório de seu primeiro CD, "Out of Tuva", uma coletânea de registros realizada entre 1986 e 1993.
Nascida em Tuva, uma região ao sul da Sibéria, na Rússia, Sainkho é uma representante de um tipo muito particular de canto: o "throat sing" (canto gutural), em que o cantor consegue emitir duas ou mais notas musicais simultaneamente.
Mas Sainkho se apresenta apenas na semana que vem, ao lado do grupo brasileiro Romançal e de Hermeto Pascoal. O destaque de hoje, na abertura, é a reunião de Ed Motta e do argelino, radicado em Paris, Kadda Cherif Hadria.
O festival terá sempre esse formato: reuniões de artistas brasileiros e estrangeiros que tenham pelo menos um ponto de contato em suas produções.
Ed Motta abre o show com sua fusão de funk e soul, tendo como base as faixas de seu último CD. Em seguida, Kadda Cherif Hadria mostra sua mistura de música pop árabe (rai) com elementos de jazz, fusion e música caribenha.
"A união de Ed Motta e Kadda Cherif Hadria pega o espectador pelo ritmo e pela dança. Vai ser muito forte, como todas as uniões que o evento vai promover, mas de maneiras diferentes", disse a cantora Fortuna.
Apesar de absolutamente desconhecidas no Brasil, as atrações internacionais são muito requisitadas na Europa e nos EUA. O evento queria trazer, por exemplo, Cesária Évora, que, porém, não tinha espaço na agenda.
"A companhia de dança espanhola do Joaquín Ruiz também foi muito difícil, pois ela está com a agenda lotada até o ano 2000. A Najma também, pois existe hoje um mercado internacional fortíssimo para a música do mundo. Todas as grandes gravadoras do mundo tem segmentos dedicados à world music", disse Fortuna.
Ruiz se apresenta amanhã e sábado em um espaço alternativo do evento, a choperia. O deck do Sesc Pompéia também será usado, no domingo, para a apresentação do Família Alcântara Coral.


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