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Notas foram entregues, afirma Romaric Buel
da Sucursal do Rio
As notas fiscais que comprovariam os gastos de R$ 988.526,93
existem e foram entregues à administração do Museu Nacional de
Belas Artes, afirma o empresário
francês Romaric Sulger Buel.
O ex-vice-cônsul da França no
Rio, hoje sócio-gerente da RSB
Consultoria e Projetos Ltda., afirma que usou o dinheiro da bilheteria para pagar serviços prestados
antes, durante e depois da mostra.
"A gente deu não sei quantas notas, tudo. Essa exposição foi, do lado que a gente podia controlar, de
uma limpeza total", disse Buel.
A diretora do MNBA, Heloísa
Lustosa, contesta a afirmação de
Buel de que comprovou os gastos
com notas fiscais. Ela diz que as
notas nunca foram apresentadas.
Na tarde de terça-feira, Lustosa
se reuniu com diretores da Associação de Amigos do MNBA para
fechar o balanço financeiro da
mostra. O balanço seguirá para os
auditores dos Ministérios da Fazenda e da Cultura. Nele consta
não haver justificativa documentada para o sumiço de 87,66% do
R$ 1.128.933,07 arrecadado na bilheteria e na loja do museu.
"Não há mais como esperar. Demos todos os prazos possíveis para
os responsáveis", disse a diretora.
Buel afirma que gastou o dinheiro da bilheteria com a aprovação
da diretora, que, apesar de contestá-lo, assinou em outubro de 1996
protocolo que dava ao francês
acesso à quantia depositada, desde
que ela autorizasse.
"Ele não tinha dinheiro para pagar os custos. Não havendo dinheiro, ele passou a usar o dinheiro da
bilheteria e produtos e não avisou
a ninguém", disse Lustosa.
Buel evita falar sobre o dinheiro,
mas admite que pode ter havido
erros na gestão dos recursos.
"Fomos, talvez, todos errados.
Foi decisão de todo mundo para
proteger os interesses dos prestadores de serviços e de pessoas que
trabalharam na exposição. Talvez
pela falta de informação todo
mundo assinou esse texto (do protocolo). Vamos ter que, coletivamente, assumir", afirmou.
As divergências entre Buel e a diretora do MNBA repercutem na
associação de amigos. A diretoria
da época da exposição apóia o
francês. A atual gestão cobra explicações para o sumiço do dinheiro.
Ex-vice-presidente da entidade,
o advogado João Maurício de
Araújo Pinho diz que "todas as
despesas foram aplicadas em benefício do museu". O vice-presidente da entidade, Ary de Macedo,
exige a apresentação de comprovantes dos supostos gastos.
O dinheiro da bilheteria não vai
reaparecer porque, diz Buel, foi todo gasto na exposição e em melhorias no museu, como a instalação
de um refrigerador central.
Segundo Buel, o sistema de ar
custou R$ 900 mil, sendo R$ 300
mil pagos pela Embratel, R$ 400
mil pelo Ministério da Cultura e R$
200 mil com dinheiro de bilheteria.
Lustosa contesta a origem da
verba do pagamento do ar. Ela diz
que o Ministério da Cultura deu R$
400 mil, e a Embratel, R$ 500 mil.
Ao mesmo tempo em que é diretor internacional do MAM-Rio,
Buel atua como assessor da prefeitura carioca, da Light e da Fundação Cesgranrio.
Para exercer essas atividades,
Buel desistiu da carreira de funcionário do governo francês, após
cinco anos (93-98) no serviço consular no Rio, e apesar de propostas
para trabalhar como diplomata em
Londres e Berlim. Preferiu continuar no Rio, onde montou a empresa de consultoria RSB.
Entre as comendas com que foi
agraciado está a Ordem do Cruzeiro do Sul, concedida pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.
(ST)
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