São Paulo, Quinta-feira, 20 de Maio de 1999
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Notas foram entregues, afirma Romaric Buel

da Sucursal do Rio

As notas fiscais que comprovariam os gastos de R$ 988.526,93 existem e foram entregues à administração do Museu Nacional de Belas Artes, afirma o empresário francês Romaric Sulger Buel.
O ex-vice-cônsul da França no Rio, hoje sócio-gerente da RSB Consultoria e Projetos Ltda., afirma que usou o dinheiro da bilheteria para pagar serviços prestados antes, durante e depois da mostra.
"A gente deu não sei quantas notas, tudo. Essa exposição foi, do lado que a gente podia controlar, de uma limpeza total", disse Buel.
A diretora do MNBA, Heloísa Lustosa, contesta a afirmação de Buel de que comprovou os gastos com notas fiscais. Ela diz que as notas nunca foram apresentadas.
Na tarde de terça-feira, Lustosa se reuniu com diretores da Associação de Amigos do MNBA para fechar o balanço financeiro da mostra. O balanço seguirá para os auditores dos Ministérios da Fazenda e da Cultura. Nele consta não haver justificativa documentada para o sumiço de 87,66% do R$ 1.128.933,07 arrecadado na bilheteria e na loja do museu.
"Não há mais como esperar. Demos todos os prazos possíveis para os responsáveis", disse a diretora.
Buel afirma que gastou o dinheiro da bilheteria com a aprovação da diretora, que, apesar de contestá-lo, assinou em outubro de 1996 protocolo que dava ao francês acesso à quantia depositada, desde que ela autorizasse.
"Ele não tinha dinheiro para pagar os custos. Não havendo dinheiro, ele passou a usar o dinheiro da bilheteria e produtos e não avisou a ninguém", disse Lustosa.
Buel evita falar sobre o dinheiro, mas admite que pode ter havido erros na gestão dos recursos.
"Fomos, talvez, todos errados. Foi decisão de todo mundo para proteger os interesses dos prestadores de serviços e de pessoas que trabalharam na exposição. Talvez pela falta de informação todo mundo assinou esse texto (do protocolo). Vamos ter que, coletivamente, assumir", afirmou.
As divergências entre Buel e a diretora do MNBA repercutem na associação de amigos. A diretoria da época da exposição apóia o francês. A atual gestão cobra explicações para o sumiço do dinheiro.
Ex-vice-presidente da entidade, o advogado João Maurício de Araújo Pinho diz que "todas as despesas foram aplicadas em benefício do museu". O vice-presidente da entidade, Ary de Macedo, exige a apresentação de comprovantes dos supostos gastos.
O dinheiro da bilheteria não vai reaparecer porque, diz Buel, foi todo gasto na exposição e em melhorias no museu, como a instalação de um refrigerador central.
Segundo Buel, o sistema de ar custou R$ 900 mil, sendo R$ 300 mil pagos pela Embratel, R$ 400 mil pelo Ministério da Cultura e R$ 200 mil com dinheiro de bilheteria.
Lustosa contesta a origem da verba do pagamento do ar. Ela diz que o Ministério da Cultura deu R$ 400 mil, e a Embratel, R$ 500 mil.
Ao mesmo tempo em que é diretor internacional do MAM-Rio, Buel atua como assessor da prefeitura carioca, da Light e da Fundação Cesgranrio.
Para exercer essas atividades, Buel desistiu da carreira de funcionário do governo francês, após cinco anos (93-98) no serviço consular no Rio, e apesar de propostas para trabalhar como diplomata em Londres e Berlim. Preferiu continuar no Rio, onde montou a empresa de consultoria RSB.
Entre as comendas com que foi agraciado está a Ordem do Cruzeiro do Sul, concedida pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. (ST)


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