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VALE A PENA LER DE NOVO
Diretor lança hoje "O Circo Eletrônico", depois de escrever "Antes que me Esqueçam" (1988)
Daniel Filho reconta a história da televisão
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
"O Circo Eletrônico - Fazendo
TV no Brasil", de Daniel Filho,
que será lançado hoje à noite em
São Paulo, é uma obra importante
para estudantes de comunicação
ou fascinados por televisão.
Para quem não está exatamente
em nenhuma dessas categorias,
mas se interessa por histórias da
TV, principalmente aquelas secretas de bastidores, há um outro
livro recomendado: "Antes que
me Esqueçam", que o próprio Daniel Filho escreveu, em 1988.
Com proposta semelhante à de
"O Circo Eletrônico", o livro não
foi exatamente um sucesso editorial e já andava esquecido nas prateleiras de sebos, onde foi achado
pela Folha. As obras se distanciam, apesar do objetivo comum
de contar a história da TV.
Em 1988, três anos antes de sair
da TV Globo e tentar a sorte na
Cultura e Bandeirantes, Daniel Filho já era um dos profissionais
mais importantes da televisão,
mas parecia inseguro. Seus dilemas, que começam a ser expostos
pelo próprio título do livro, aparecem de maneira escancarada.
O livro traz a história da TV como consequência da narração de
sua própria vida. Por não querer
fazer o que fez em "O Circo Eletrônico", ou seja, um roteiro técnico da TV, Daniel Filho quebra a
vidraça dos bastidores, desabafa e
não poupa ninguém. Nem ele
próprio, nem seus grandes amigos, nem seus maiores amores.
É assim que ficamos sabendo no
primeiro livro que um dos seriados de maior sucesso na TV, "Malu Mulher", foi causa e consequência de um romance entre seu
criador, Daniel Filho, e a protagonista, Regina Duarte. Em "O Circo Eletrônico", a narração não
passa pelo envolvimento entre
eles. Há também um depoimento
de Regina Duarte centrado na técnica de direção de Daniel Filho.
E a técnica é mesmo a protagonista de "O Circo Eletrônico". Sua
ordem é cronológica, e o conteúdo, didático: "O cenógrafo é responsável pela concepção e execução dos cenários".
"Antes que me Esqueçam" é
mais emocional. Algumas histórias são contadas de modo similar. Quando Daniel Filho foi contratado pela TV Tupi, por exemplo. "Na hora de assinar eu disse:
"Escuta aqui, eu não sou produtor
nem diretor". A resposta veio seca
e cortante: "Sim, a gente sabe.
Mas, se virar produtor ou diretor,
já está contratado'", foi o relato de
"Antes que me Esqueçam". Em
"O Circo": "Reclamei: "Ora, mas
eu sou só ator!". E tive como resposta: "É, mas se vier a dirigir ou
produzir ou o que seja, já está
contratado para isso também".
Fatos são fatos. Mas alguns mereceram tratamentos diversos. No
primeiro livro, Daniel Filho dedica praticamente um capítulo inteiro para falar mal de Gloria Magadan, uma cubana que introduziu a novela no Brasil e que acabou sendo substituída por ele.
"(...) Toda arrumada e pintada,
continua irremediavelmente velha. (...) Daniel a observa de longe,
e ela a todo o momento ameaça tirá-lo para dançar (...). É difícil escapar da tirana. A essa altura, ela
já deu uns amassos em Walter
Clark (...). Daniel não quer correr
o mesmo risco, mas a forma com
a qual está vencendo as dificuldades na emissora torna-o absolutamente irresistível para a tirana."
Em "O Circo Eletrônico", a cubana é poupada, a não ser por
uma crítica a uma de suas novelas. Feita por Boni. "O Circo Eletrônico" tem como vantagem, para o leitor, a atualização do que se
produziu na TV brasileira nos últimos 13 anos, o que não é pouco.
A Globo também sai ganhando.
Daniel Filho dedica páginas para
explicar por que a emissora é líder. E o melhor: afasta os holofotes da intimidade de seus astros.
O CIRCO ELETRÔNICO - FAZENDO TV
NO BRASIL. De: Daniel Filho. Editora:
Jorge Zahar Editor. Lançamento: hoje, às
19h30, na Saraiva Megastore do
shopping Eldorado. 360 páginas. R$ 39.
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