São Paulo, quinta-feira, 20 de junho de 2002

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ARTES CÊNICAS

DANÇA

Balé Teatro Guaíra de Curitiba apresenta nova montagem do espetáculo dos anos 80 com mais músicas e acrobacias

"O Grande Circo Místico" volta a voar

Bruno Veiga/Divulgação
Cena do espetáculo de dança "O Grande Circo Místico", que inicia nova temporada amanhã em SP


ANA FRANCISCA PONZIO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A nova versão de "O Grande Circo Místico", espetáculo do Balé Teatro Guaíra de Curitiba com músicas de Edu Lobo e Chico Buarque, inaugura sua excursão pelo Brasil amanhã, quando inicia temporada em São Paulo, no teatro Alfa. Depois de estrear em Curitiba, uma semana atrás, a produção que marcou época nos anos 80 recupera seu significado ambulante com apresentações no Rio de Janeiro, em Recife, Salvador, Brasília e Belo Horizonte.
A passagem por essas cidades, até agosto, retoma a difusão nacional empreendida há quase 20 anos pelo "Circo Místico". Na época, a produção concebida por Naum Alves de Souza a partir de um poema de Jorge de Lima (1893-1953) conquistou grande sucesso, transformando a trilha sonora de Edu e Chico, criada para o balé, em um clássico da música popular brasileira.
Para o Balé Teatro Guaíra, a remontagem do "Circo Místico" também deve mostrar que a companhia fundada há 33 anos em Curitiba está novamente recuperando o fôlego, depois de um longo período de inexpressão. O processo de recuperação começou no final de 1999, quando passou a ser dirigido pela jornalista e crítica de dança Suzana Braga. Na nova fase, além de renovar elenco e repertório, o grupo voltou a se apresentar fora do Paraná.
"No ano passado, o Guaíra foi visto por mais de 150 mil espectadores, nas 30 cidades onde se apresentou", comemora Suzana, salientando que a revitalização da companhia também trouxe de volta os patrocínios privados (mantido pelo governo do Paraná, o grupo hoje recebe subvenções de Embratel e Copel).
É portanto um novo Balé Guaíra que interpreta "O Grande Circo Místico", que também renasce completamente reformulado. Até mesmo a trilha sonora foi repensada por Edu Lobo, que acrescentou canções e arranjos orquestrais. Na versão original, coreografada pelo então diretor artístico do grupo, o português Carlos Trincheiras, que morreu em 1993, o espetáculo encenava com maior rigidez narrativa a história da verídica dinastia de circo Knie, que até hoje atua na Europa.
Inaugurada em 1806 por Frédéric Knie, um aristocrata austríaco que se apaixonou pela acrobata de uma trupe ambulante, a dinastia circense gerou personagens como Lily Braun, que tinha um santo tatuado no ventre, e a equilibrista Agnes, que na canção de Chico e Edu transformou-se em Beatriz. Seduzido pela história, que ele conheceu por meio dos versos de Jorge de Lima, Naum Alves de Souza sugeriu ao Guaíra, em 1982, que fosse montado um balé sobre o tema.
Na época, Naum acabava de realizar parceria com Edu e Chico no próprio Balé Guaíra, para o qual o trio criou o espetáculo "Jogos de Dança", com coreografia do norte-americano Clyde Morgan. Autor do roteiro da primeira versão de "Circo Místico", Naum participa da remontagem como consultor. "Temos agora uma nova obra", diz Naum, salientando que a produção atual apenas sugere a história dos Knie.
A coreografia do novo "Circo Místico" é assinada por Luis Arrieta, que trabalhou com Dani Lima, coreógrafa carioca que associa dança à linguagem circense. Treinados por Lima, os bailarinos exploram o espaço aéreo do palco, promovendo uma sucessão de imagens cuja beleza é reforçada pelos cenários e figurinos de Rosa Magalhães.


O GRANDE CIRCO MÍSTICO - com o Balé Teatro Guaíra. Quando: amanhã e sáb., às 21h; e dom., às 16h e às 20h. Onde: teatro Alfa (r. Bento Branco de Andrade Filho, 722, tel. 0/xx/11/5693-4000). Quanto: de R$ 20 a R$ 40.



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