São Paulo, segunda-feira, 20 de junho de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

HQ

Intenção dos organizadores do evento, que aceitarão "até grafite de banheiro", é ironizar sisudez do formato tradicional

Artistas criam salão de humor engraçado

DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os cartunistas e criadores da revista "F." Allan Sieber, Arnaldo Branco e Leonardo Lopes não estão de brincadeira. Entediados com o formato dos tradicionais salões de humor do país, decidiram que era hora de criar o seu próprio. Nasce o 1º e Único Salão de Humor Engraçado.
Com inscrições abertas até 30 de setembro deste ano, os trabalhos -cartuns, charges, tiras, HQs e textos- já podem começar a ser enviados para o e-mail humor.engracado@gmail.com, sem limite de número, mas com uma única exigência: "Tem que ser engraçado!" (E não maiores que 300 kb, para não travar a caixa postal e torrar a paciência do júri, composto por eles mesmos).
"[Nos salões] existem regras bem claras, não pode ser bagaceiro, não pode ter diálogo no cartum. Esse tipo de limitação produz cartuns anódinos, que só têm graça para quem lê "Seleções'", ataca Sieber, autor da tiras "Vida de Estagiário" e "Preto no Branco", publicadas na Folha.
Assim como ele, que pegou no máximo "uns segundos ou terceiros lugares, só mixaria" nos principais salões do Brasil, Arnaldo Branco não pode ser considerado exatamente um vencedor. "Só participei umas duas vezes, não mereci pegar nem menção hon- rosa. Quando melhorei um pouco, vi que nem adiantava, não sei desenhar (muito menos em aquarela) e odeio poesia."
E alfineta: "A gente entende que o artista está querendo representar graficamente a "opressão do homem diante do mundo moderno" ou alguma baboseira dessas, mas qual é a graça?".
Em contraste ao apuro técnico dos cartuns de salão, com seus trabalhos pintados a "pincel com pêlos de mico-leão-dourado", os idealizadores do Salão de Humor Engraçado prometem aceitar piadas desenhadas em guardanapos, pedaços de papel higiênico ou até grafites de banheiro.
"Todo salão tem lá sua graça e valor, é uma oportunidade para novos cartunistas e, às vezes, rende uma grana bacana", contemporiza Leo, o único que já faturou alguns. "O caso é que existe um padrão para o desenho/piada de salão que é aquilo tudo o que já se viu, bonito, bem-comportado e adequado merecedor da glória de ficar exposto à visitação pública no centro cultural da cidade mais longe da sua casa."
Em tempo, os premiados ficarão expostos, a partir de 10 de outubro, no site www.fhumor.com.br e também irão para a versão impressa da revista "F.".
A premiação inclui ainda duas caixas de cerveja para o vencedor de cada categoria, que também leva um troféu em forma de papel amassado. Para os segundos colocados, só uma caixa.
"Não percam tempo cartunistas do Brasil, inscrevam seus filhos!", conclamam. E, por incrível que pareça, eles estão falando sério.


Texto Anterior: Música: Especial esquadrinha canções de protesto
Próximo Texto: Nelson Ascher: A religião no século 21
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.