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CRÍTICA AUTOBIOGRAFIA
Roqueiro assume sem nenhum pudor fama de bobalhão desde a adolescência
THALES DE MENEZES
EDITOR-ASSISTENTE DA SÃOPAULO
O teor de sinceridade descarada da autobiografia de
Ozzy Osbourne é tamanho
que o leitor pode aceitar um
acordo: nada de esquentar a
cabeça pensando se tudo ali
é verdade. Um texto tão divertido assim merece ser lido
e pronto. E é quase impossível largar o livro no meio.
Roqueiro das trevas que se
transformou em um sessentão abobalhado, Ozzy dá todas as pistas de que sempre
foi bobão. O trecho inicial do
livro já pinta o adolescente
John Osbourne como um
idiota. Decidido a ser um ladrãozinho como todos os
seus amigos no subúrbio inglês, ele se mete em uma roubada atrás da outra. Ao tentar furtar uma pesada TV, cai
com o trambolho por cima do
corpo e fica ali, imobilizado
pelo fruto do roubo.
O relato dele diz mais sobre o Black Sabbath do qualquer outro volume dedicado
ao grupo. Trancados em castelos para gravar alguns clássicos do rock pesado, seus integrantes passavam a maior
parte do tempo drogados e
aplicando pegadinhas escatológicas uns nos outros.
Se os episódios engraçados provocam gargalhadas
(ele assina uma intimação judicial pensando que está
dando autógrafo!), os detalhes das dores causadas pela
monstruosa farmácia que
Ozzy consumiu incomodam.
Curioso é que um dos trechos mais sisudos se refere
ao primeiro Rock in Rio, em
1985, quando se hospedou
no Copacabana Palace.
"Fiquei desapontado com
o lugar. Tinha esperado ver a
Garota de Ipanema em cada
esquina, mas não vi nenhuma. Havia só um monte de
crianças pobres correndo pelo lugar como ratos. As pessoas eram absurdamente ricas ou viviam nas ruas, parecia não haver nada no meio."
Eis Ozzy, o observador.
EU SOU OZZY
AUTOR Ozzy Osbourne
EDITORA Benvirá
QUANTO R$ 39,90 (416 págs.)
AVALIAÇÃO ótimo
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