São Paulo, domingo, 20 de junho de 2010

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CRÍTICA AUTOBIOGRAFIA

Roqueiro assume sem nenhum pudor fama de bobalhão desde a adolescência

THALES DE MENEZES
EDITOR-ASSISTENTE DA SÃOPAULO

O teor de sinceridade descarada da autobiografia de Ozzy Osbourne é tamanho que o leitor pode aceitar um acordo: nada de esquentar a cabeça pensando se tudo ali é verdade. Um texto tão divertido assim merece ser lido e pronto. E é quase impossível largar o livro no meio.
Roqueiro das trevas que se transformou em um sessentão abobalhado, Ozzy dá todas as pistas de que sempre foi bobão. O trecho inicial do livro já pinta o adolescente John Osbourne como um idiota. Decidido a ser um ladrãozinho como todos os seus amigos no subúrbio inglês, ele se mete em uma roubada atrás da outra. Ao tentar furtar uma pesada TV, cai com o trambolho por cima do corpo e fica ali, imobilizado pelo fruto do roubo.
O relato dele diz mais sobre o Black Sabbath do qualquer outro volume dedicado ao grupo. Trancados em castelos para gravar alguns clássicos do rock pesado, seus integrantes passavam a maior parte do tempo drogados e aplicando pegadinhas escatológicas uns nos outros.
Se os episódios engraçados provocam gargalhadas (ele assina uma intimação judicial pensando que está dando autógrafo!), os detalhes das dores causadas pela monstruosa farmácia que Ozzy consumiu incomodam.
Curioso é que um dos trechos mais sisudos se refere ao primeiro Rock in Rio, em 1985, quando se hospedou no Copacabana Palace.
"Fiquei desapontado com o lugar. Tinha esperado ver a Garota de Ipanema em cada esquina, mas não vi nenhuma. Havia só um monte de crianças pobres correndo pelo lugar como ratos. As pessoas eram absurdamente ricas ou viviam nas ruas, parecia não haver nada no meio."
Eis Ozzy, o observador.


EU SOU OZZY

AUTOR Ozzy Osbourne
EDITORA Benvirá
QUANTO R$ 39,90 (416 págs.)
AVALIAÇÃO ótimo



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