São Paulo, quinta-feira, 20 de julho de 2000


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CINEMA
Dieter Kosslick assume mesmo sem experiência; Moritz de Hadeln, no comando desde 79, fica até fevereiro de 2001
Festival de Berlim indica novo diretor

AMIR LABAKI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

O Festival Internacional de Cinema de Berlim, um dos três principais do mundo, terá novo diretor para sua edição de 2002. A Berlinale 2001 ainda será conduzida em fevereiro próximo por Moritz de Hadeln, 60, seu diretor desde 1979. Logo encerrada, o cargo será assumido por Dieter Kosslick, 52, segundo decisão anunciada na última segunda-feira pelo comitê diretivo do evento.
Kosslick não tem experiências prévias na direção de festivais. Sua atuação principal tem sido no desenvolvimento de políticas de investimento público na produção cinematográfica alemã. É o atual diretor de uma fundação regional de cinema.
A sucessão em Berlim acontece de forma abrupta, na sequência das fortes críticas ao programa deste ano, comemorativo da 50ª edição do festival. De Hadeln soube por meio da imprensa, em maio último, que seu contrato não seria renovado no próximo ano. O comitê consultivo de seleção soltou uma nota, no mês passado, condenando "a forma e o estilo da dispensa".
"É evidente que houve uma ruptura", reconheceu ontem à Folha o delegado brasileiro do festival, o crítico e diretor da Riofilme José Carlos Avellar. Se essa quebra vai se estender para a linha curatorial do evento, "ainda é muito cedo para dizer", concorda.
"Acho que o cinema alemão tem um grande futuro", afirmou previsivelmente Kosslick no início da semana. O diretor indicado adiantou que o festival deve privilegiar o cinema alemão e europeu, sem abrir mão dos filmes americanos. É, em linhas gerais, o modelo posto em vigor na última década por De Hadeln.
Ao contrário de seu sucessor, De Hadeln chegou a Berlim após longa carreira em festivais. Em 1969, criou o Festival de Documentários de Nyon, na Suíça, que dirigiu por uma década. Entre 1972 e 1977, acumulou ainda a direção do Festival de Locarno.
Sua gestão ampliou o prestígio da Berlinale. De Hadeln reestruturou o programa do festival, criando a mostra paralela Panorama e ampliando o espaço para retrospectivas. Reformulou com sucesso o perfil de uma mostra nascida sob o signo da Guerra Fria, tornando-a um festival internacional com ênfase européia. Com a queda do muro, antecipou-se à unificação, estendendo o evento para a antiga Berlim Oriental.
Com a substituição de De Hadeln, as atenções se voltam para a sucessão em Cannes. Gilles Jacob, à frente do evento desde 1978, foi eleito há cerca de um mês para a presidência e deve indicar um ou mais herdeiros. O mais provável é que seu cargo anterior, de "delegado-geral", seja extinto e substituído por direções técnicas com poder hierárquico inferior. Ou seja, o sucessor de Jacob seria Jacob.


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