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CINEMA
Dieter Kosslick assume mesmo sem experiência; Moritz de Hadeln, no comando desde 79, fica até fevereiro de 2001
Festival de Berlim indica novo diretor
AMIR LABAKI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS
O Festival Internacional de Cinema de Berlim, um dos três principais do mundo, terá novo diretor para sua edição de 2002. A
Berlinale 2001 ainda será conduzida em fevereiro próximo por Moritz de Hadeln, 60, seu diretor desde 1979. Logo encerrada, o cargo
será assumido por Dieter Kosslick, 52, segundo decisão anunciada na última segunda-feira pelo
comitê diretivo do evento.
Kosslick não tem experiências
prévias na direção de festivais.
Sua atuação principal tem sido no
desenvolvimento de políticas de
investimento público na produção cinematográfica alemã. É o
atual diretor de uma fundação regional de cinema.
A sucessão em Berlim acontece
de forma abrupta, na sequência
das fortes críticas ao programa
deste ano, comemorativo da 50ª edição do festival. De Hadeln soube por meio da imprensa, em
maio último, que seu contrato
não seria renovado no próximo
ano. O comitê consultivo de seleção soltou uma nota, no mês passado, condenando "a forma e o
estilo da dispensa".
"É evidente que houve uma
ruptura", reconheceu ontem à
Folha o delegado brasileiro do
festival, o crítico e diretor da Riofilme José Carlos Avellar. Se essa
quebra vai se estender para a linha
curatorial do evento, "ainda é
muito cedo para dizer", concorda.
"Acho que o cinema alemão
tem um grande futuro", afirmou
previsivelmente Kosslick no início da semana. O diretor indicado
adiantou que o festival deve privilegiar o cinema alemão e europeu,
sem abrir mão dos filmes americanos. É, em linhas gerais, o modelo posto em vigor na última década por De Hadeln.
Ao contrário de seu sucessor,
De Hadeln chegou a Berlim após
longa carreira em festivais. Em
1969, criou o Festival de Documentários de Nyon, na Suíça, que
dirigiu por uma década. Entre
1972 e 1977, acumulou ainda a direção do Festival de Locarno.
Sua gestão ampliou o prestígio
da Berlinale. De Hadeln reestruturou o programa do festival,
criando a mostra paralela Panorama e ampliando o espaço para retrospectivas. Reformulou com sucesso o perfil de uma mostra nascida sob o signo da Guerra Fria,
tornando-a um festival internacional com ênfase européia. Com
a queda do muro, antecipou-se à
unificação, estendendo o evento
para a antiga Berlim Oriental.
Com a substituição de De Hadeln, as atenções se voltam para a
sucessão em Cannes. Gilles Jacob,
à frente do evento desde 1978, foi
eleito há cerca de um mês para a
presidência e deve indicar um ou
mais herdeiros. O mais provável é
que seu cargo anterior, de "delegado-geral", seja extinto e substituído por direções técnicas com
poder hierárquico inferior. Ou seja, o sucessor de Jacob seria Jacob.
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