São Paulo, sexta-feira, 20 de julho de 2001

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Melancolia do lado de baixo do Equador

Em entrevista à Folha, baterista do Belle & Sebastian fala dos shows que a banda fará no Brasil em outubro

CLAUDIA ASSEF
DA REPORTAGEM LOCAL

Com um single novo na mala e um integrante a mais no palco, os escoceses do Belle & Sebastian desembarcam em outubro no Brasil, onde farão shows, agora confirmadíssimos, no Free Jazz Festival.
Formado em Glasgow (Escócia), em 96, por um grupo de universitários sem muitas pretensões artísticas, o Belle & Sebastian cativa meio mundo com canções meiguinhas recheadas de letras que falam de amor e fracasso.
Para sorte dos fãs brasileiros, a gravadora Trama colocou o Belle & Sebastian no mercado nacional em 2000. Hoje, a discografia completa do grupo inclui quatro CDs e sete singles. Todos seguem, sim, a mesma linha pura e meiga do primeiro disco, "Tigermilk".
Em 26 de outubro, no Museu de Arte Moderna, no Rio, e no dia seguinte (27/10), no Jockey Club, em São Paulo, a banda vai mostrar músicas do disco mais recente ("Fold Your Hands Child, You Walk like a Peasant"), canções do single novo ("Jonathan David"), coisas antigas e algumas composições novas.
O baterista da banda, Richard Coldburn, adiantou essa e outras informações em entrevista à Folha, a primeira concedida ao Brasil. Apesar da fama que os integrantes do Belle & Sebastian têm de serem avessos a entrevistas, Coldburn foi bem simpático. Confira.

Folha - Esta é a primeira vez que vocês tocam no hemisfério Sul, não? O que esperam encontrar no Brasil?
Richard Coldburn -
É, sim. Estamos loucos para ir. Até agora, quando viajávamos, já sabíamos o que esperar de tal ou tal país. Mas, sinceramente, não tenho idéia do que nos espera no Brasil. Nem sei se teremos tempo de dar um rolê para conhecer as coisas. Gostamos de bandas brasileiras, ouvimos bastante Mutantes. E adoramos o Sepultura. Eles foram, aliás, uma grande influência. Quando penso no Brasil, imagino que haja um monte de gente descalça jogando futebol na praia. Seria legal ir a um jogo enquanto estivermos aí. Quem sabe a gente não ensina alguma coisinha pra vocês... Ou talvez não.

Folha - Vocês já sabem o que vão tocar aqui?
Coldburn -
Não temos certeza ainda porque nunca tocamos no Brasil. Mas nos nossos últimos shows temos tocado músicas de todos os discos, com ênfase nas canções de "Fold Your Hands...". O que dá para dizer já é que vamos incluir músicas novíssimas nos shows do Brasil.

Folha - Os shows do B&S têm lotado, os CDs vendem cada vez mais. Você acha que o sucesso pode estragar a simplicidade da banda?
Coldburn -
Essa é difícil. Acabamos de fazer nossa maior turnê pelo Reino Unido, demos o maior show de nossas vidas em Londres. Foi enorme, achei que ia pirar. Daí, cheguei em casa e minha namorada ficou me alugando para que eu trocasse o papel de parede da nossa nova casa. Isso me trouxe de volta para o chão. Outra coisa que ajuda a não enlouquecer é ficar na Escócia. O caminho óbvio para nós seria morar em Londres. Mas para o bem da nossa saúde mental ficamos na Escócia. Realmente me preocupo quando dizem que a gente vai acabar ficando "grande demais". Mas a gente não fica trancado um ano inteiro num estúdio, colocando nossos corações e almas num disco para que meia dúzia de pessoas ouçam, né? Queremos que todo mundo escute nossa música.

Folha - Como foi a chegada do novo integrante, Bobby Kildea?
Coldburn -
Decidimos mesmo na segunda, mas já era uma idéia antiga. Ele tocou baixo e guitarra na última turnê e tornou-se indispensável. Bobby vai tocar alguns instrumentos, mas é acima de tudo um guitarrista. Ele é um deus da guitarra, e as garotas o adoram.


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