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Melancolia do lado de baixo do Equador
Em entrevista à Folha, baterista do Belle & Sebastian fala dos shows que a banda fará no Brasil em outubro
CLAUDIA ASSEF
DA REPORTAGEM LOCAL
Com um single novo na mala e
um integrante a mais no palco, os
escoceses do Belle & Sebastian
desembarcam em outubro no
Brasil, onde farão shows, agora
confirmadíssimos, no Free Jazz
Festival.
Formado em Glasgow (Escócia), em 96, por um grupo de universitários sem muitas pretensões
artísticas, o Belle & Sebastian cativa meio mundo com canções
meiguinhas recheadas de letras
que falam de amor e fracasso.
Para sorte dos fãs brasileiros, a
gravadora Trama colocou o Belle
& Sebastian no mercado nacional
em 2000. Hoje, a discografia completa do grupo inclui quatro CDs
e sete singles. Todos seguem, sim,
a mesma linha pura e meiga do
primeiro disco, "Tigermilk".
Em 26 de outubro, no Museu de
Arte Moderna, no Rio, e no dia seguinte (27/10), no Jockey Club,
em São Paulo, a banda vai mostrar músicas do disco mais recente ("Fold Your Hands Child, You
Walk like a Peasant"), canções do
single novo ("Jonathan David"),
coisas antigas e algumas composições novas.
O baterista da banda, Richard
Coldburn, adiantou essa e outras
informações em entrevista à Folha, a primeira concedida ao Brasil. Apesar da fama que os integrantes do Belle & Sebastian têm
de serem avessos a entrevistas,
Coldburn foi bem simpático.
Confira.
Folha - Esta é a primeira vez que
vocês tocam no hemisfério Sul,
não? O que esperam encontrar no
Brasil?
Richard Coldburn - É, sim. Estamos loucos para ir. Até agora,
quando viajávamos, já sabíamos
o que esperar de tal ou tal país.
Mas, sinceramente, não tenho
idéia do que nos espera no Brasil.
Nem sei se teremos tempo de dar
um rolê para conhecer as coisas.
Gostamos de bandas brasileiras,
ouvimos bastante Mutantes. E
adoramos o Sepultura. Eles foram, aliás, uma grande influência.
Quando penso no Brasil, imagino
que haja um monte de gente descalça jogando futebol na praia. Seria legal ir a um jogo enquanto estivermos aí. Quem sabe a gente
não ensina alguma coisinha pra
vocês... Ou talvez não.
Folha - Vocês já sabem o que vão
tocar aqui?
Coldburn - Não temos certeza
ainda porque nunca tocamos no
Brasil. Mas nos nossos últimos
shows temos tocado músicas de
todos os discos, com ênfase nas
canções de "Fold Your Hands...".
O que dá para dizer já é que vamos incluir músicas novíssimas
nos shows do Brasil.
Folha - Os shows do B&S têm lotado, os CDs vendem cada vez mais.
Você acha que o sucesso pode estragar a simplicidade da banda?
Coldburn - Essa é difícil. Acabamos de fazer nossa maior turnê
pelo Reino Unido, demos o maior
show de nossas vidas em Londres.
Foi enorme, achei que ia pirar.
Daí, cheguei em casa e minha namorada ficou me alugando para
que eu trocasse o papel de parede
da nossa nova casa. Isso me trouxe de volta para o chão. Outra coisa que ajuda a não enlouquecer é
ficar na Escócia. O caminho óbvio
para nós seria morar em Londres.
Mas para o bem da nossa saúde
mental ficamos na Escócia. Realmente me preocupo quando dizem que a gente vai acabar ficando "grande demais". Mas a gente
não fica trancado um ano inteiro
num estúdio, colocando nossos
corações e almas num disco para
que meia dúzia de pessoas ouçam, né? Queremos que todo
mundo escute nossa música.
Folha - Como foi a chegada do novo integrante, Bobby Kildea?
Coldburn - Decidimos mesmo
na segunda, mas já era uma idéia
antiga. Ele tocou baixo e guitarra
na última turnê e tornou-se indispensável. Bobby vai tocar alguns
instrumentos, mas é acima de tudo um guitarrista. Ele é um deus
da guitarra, e as garotas o adoram.
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