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São Paulo, domingo, 20 de julho de 2003

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MÚSICA

Cantora Rachel Farris distribui CD em tampas de copos de refrigerante

Ouça e jogue fora

Divulgação
A cantora Rachel Farris e o copo com o CD, contendo duas músicas suas, que vem encartado; no alto, a tampa com o disco


THIAGO NEY
DA REDAÇÃO

Até hoje, quase ninguém ouviu falar em Rachel Farris. Até hoje. Graças a uma inédita campanha de marketing de sua gravadora, a cantora norte-americana poderá ser "degustada" por 4 milhões de jovens nos Estados Unidos.
A máxima de que a música pop é produto descartável, para ser consumido no momento, é levada às últimas consequências pela estratégia de promoção da Big3 Records -sediada na Flórida e distribuída pela Warner.
Desde 27 de junho, a gravadora passou a distribuir um CD com duas músicas de Farris "abrigado" dentro das tampas dos milhões de copos de refrigerante vendidos em 530 cinemas americanos e dois parques temáticos dos estúdios Universal.
(Em tempo: o canudinho para tomar a bebida é colocado no copo através do buraco do CD, que pode ser tocado em qualquer CD player e em computadores.)
"A razão é levar as músicas [o CD vem com duas: "I'm Not the Girl" e "Soak'] às mãos das pessoas para não termos de depender de rádios e TVs. Se elas gostarem da música, vão comprar o álbum", diz Farris à Folha, por telefone, de Nashville, onde mora. O álbum, no caso, é o primeiro da cantora de 26 anos, "Soak".
Afirmações sobre o caráter descartável da iniciativa são rebatidas por Farris e sua voz agudíssima. "São apenas duas canções. Eu tenho um disco completo. Sempre haverá alguém que olha pelo lado negativo, mas eu sou positiva. O fato de eu trabalhar duro e finalmente chegar aos ouvidos do público é uma recompensa."

Gigante Michael Jackson
Efêmero ou não, direto ou indireto, o marketing passeia grudado à música há tempos. Michael Jackson, o "rei do pop", é também o "rei das despesas promocionais": é ele o artista que mais gastou para promover um disco.
Em 1995, a Sony torrou US$ 40 milhões na época do lançamento de "HIStory". Entre as extravagâncias de Jackson, o dinheiro serviu para fabricar cinco estátuas douradas gigantescas dele próprio. Uma delas, de 18 metros de altura, foi postada em cima de um barco para "desfilar" pelo Tâmisa.
Apesar do estardalhaço, "HIStory" ficou apenas por módicos dois meses no top 20 dos EUA -para ter idéia, "Thriller", clássico de Jackson, ocupou o topo da Billboard por 37 semanas.
O rio londrino foi testemunha também de um dos factóides mais turbulentos da história do rock.
Para "comemorar" o Jubileu de Prata da rainha da Inglaterra, no final da tarde de 7 de junho de 1977 os Sex Pistols embarcaram em um minicruzeiro pelo Tâmisa, com outras 200 pessoas a bordo, para um show flutuante. Era o lançamento do single "God Save the Queen". Ao desembarcar do barco "Queen Elizabeth", foram "recepcionados" pela polícia.
A publicidade levou o single ao segundo lugar da parada britânica. Detalhe: o disco estava banido da maioria da lojas inglesas.
No Brasil, uma das ações pioneiras de marketing pertence ao outro "rei". Em 1964, Roberto Carlos lançou uma versão de "O Calhambeque" como brinde para quem comprasse um jogo de canetas Sheaffer. Era um compacto quadrado, com Roberto fazendo elogios na capa do disquinho.
PS: a música que faz Rachel Farris? Tipo Alanis Morissette ou Sheryl Crow, só que mais descartável.


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