São Paulo, quarta-feira, 20 de julho de 2005

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CINEMA

Após 26 anos, a diretora volta a discutir a entrada do estrangeiro na sociedade brasileira, em filme que abre o festival no DF

Tizuka leva a Brasília seu novo "Gaijin"

SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

O Festival Internacional de Cinema de Brasília inaugura hoje sua sétima edição com "um filme sobre ética, família, gente que trabalha, vai à luta".
É essa a definição da diretora brasileira descendente de japoneses Tizuka Yamasaki para "Gaijin - Ama-me como Sou", escalado na seção Preview do festival e convidado a abrir hoje a mostra.
Uma geração depois de seu grande sucesso, "Gaijin, Caminhos da Liberdade" (1979), Yamasaki volta a discutir a inserção do estrangeiro [gaijin] na sociedade brasileira.

Gerações
O filme amalgama aventuras pessoais de membros de quatro gerações de uma família de japoneses instalados no Brasil no início do século passado com fatos políticos e econômicos marcantes dos dois países, como o Plano Collor (1990) e o terremoto de 1995 no Japão.
"Não é exatamente a história da minha família. Mas são as emoções que a minha família tem passado", diz Yamasaki.
A diretora diz que, perpassando as histórias das personagens de "Gaijin - Ama-me Como Sou" está "o exemplo de trabalho" que ela aprendeu com sua avó e que a sua geração sorveu das anteriores.
Encabeçam o elenco do filme o cubano Jorge Perugorria e a nipo-norte-americana Tamlyn Tomita. A estréia do longa em 120 cinemas brasileiros está prevista para o próximo dia 2 de setembro. Antes disso, o filme disputará troféus no Festival de Gramado (de 15/8 a 20/8). Embora não-competitiva, a participação de "Gaijin - Ama-me como Sou" no FIC-Brasília tem para Yamasaki a condição de teste de público.

Investimentos
A diretora, que também produziu o longa, diz que seu custo, alto para os padrões brasileiros (R$ 10,6 milhões), é mais um elemento de pressão para o sucesso.
"Quero que meus parceiros na produção tenham retorno à altura de seus investimentos, para que eles fiquem satisfeitos, e eu possa continuar fazendo filmes", diz.
"Gaijin - Ama-me como Sou" chega às telas num ano em que as bilheterias no Brasil e no resto do mundo sofrem fortes quedas. O público de filmes nacionais caiu 44% no Brasil, de janeiro a junho deste ano em relação ao mesmo período de 2004, segundo dados da empresa Filme B.
"Quero acreditar que [a queda nas bilheterias] é por falta de filmes e que meu filme vai mexer com os corações e tirar muita gente de suas casas", diz Yamasaki.

Competição
Até o próximo dia 30, o FIC-Brasília exibirá cem longas e 17 curtas. Entre os dez filmes da mostra competitiva estão dois brasileiros: "Carreiras", de Domingos Oliveira, e "Filhas do Vento", de Joel Zito Araújo, premiado com seis Kikitos no Festival de Gramado do ano passado, incluindo o de melhor diretor.
Além de Oliveira e Zito Araújo, irão a Brasília acompanhar a disputa entre seus filmes o norte-americano Todd Solondz ("Palindromes"), o coreano Park Chul-soo ("Green Chair") e o alemão Marc Rothemund ("Sophie Scholl - Os Últimos Dias"). Yamasaki, Perugorria e Tomita representarão "Gaijin - Ama-me como Sou".


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