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Comida
Um chato gostoso
Fininho, macio e com
bolhas crocantes, pão indiano naan cai nas graças de restaurantes e cafés paulistanos
JANAINA FIDALGO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em um país onde há mais de
15 línguas oficiais -sem contar
uma infinidade de dialetos regionais- e uma multiplicidade
religiosa considerável, outro
dado da Índia impressiona: a
variedade de pães.
Lá, cada Estado, dependendo
da crença, tem uma maneira de
preparar esta que é uma das bases alimentares do país. "Há
mais de 50 tipos de pão na Índia", diz o chef indiano Dinesh
Rajput, 34, do Delhi Palace.
Em São Paulo, o pão-símbolo
da Índia é o naan. Fininho, macio e com bolhas crocantes que
estalam para, em seguida, derreterem na boca, o naan deve
parte de seu prestígio ao mítico
tandoor. É nesse forno milenar
de barro, em formato de vaso e
alimentado por carvão mineral,
que ele é assado. Achatada em
um molde levemente côncavo,
a massa do naan é colada na parede do tandoor e em questão
de segundos começa a desprender bolhas e dourar.
Feito com farinha de trigo refinada e iogurte, o naan é um
pão achatado que caiu nas graças até de casas que não são originalmente indianas.
No Shouk, um misto de café e
livraria inaugurado nos Jardins
na última semana, o naan é a
base de uma linha de sanduíches desenvolvida pela chef-consultora Renata Braune, do
Chef Rouge. "Como o espaço
tem inspiração oriental, na hora me veio à cabeça os pães da
Índia. Provei todos os tipos feitos pelo Dinesh [responsável
pelo fornecimento dos pães],
mas a escolha do naan foi instintiva. Ele é mais saboroso, leve e maleável", diz Braune.
Pães naan -tradicionais ou
incrementados com erva-doce,
hortelã e alho- envolvem pedacinhos de frango tandoori
com mozarela de búfala, pasta
de grão-de-bico com legumes
assados e salmão defumado
com molho de iogurte.
Outra casa não-indiana que
adotou esse pão foi o Empório
Siriuba. Em um tandoor trazido da Índia, eles fabricam diariamente naans com o cunho
orgânico que caracteriza o espaço. "É um pão muito leve e
extremamente saudável", diz
Cenia Salles, sócia do empório.
O naan está presente no café
da manhã, em lanches e também nas refeições: com caviar
de berinjela, chutney de tomate
e raita (prato indiano feito com
iogurte, pepino, hortelã e especiarias) e como acompanhamento do tabule de quinua.
A qualquer hora
Se por aqui o naan é o mais
"popular" dos pães indianos, na
Índia a história é outra. "Não é
comum no dia-a-dia. Não são
todas as pessoas que têm um
tandoor em casa, e o custo para
manter o forno é alto", diz Rajput. "O que se faz é um outro
pão, preparado sobre a chapa."
O chef do Delhi Palace refere-se ao chapati, um pão de farinha de trigo integral que dispensa o uso do tandoor. Ele é
"assado" na chapa (leia ao lado). "Existem milhares de tipos
de pães, mas o pão francês do
indiano, aquele do dia-a-dia, se
chama chapati. É de fácil preparo", diz Mansha Daswani, 52,
dona do restaurante Tandoor
com o marido, Lakhi.
Tanto o naan quanto os outros pães têm na Índia, e também nos restaurantes indianos
daqui, a função de escoltar pratos. "Come-se pão em todas as
refeições. Eles acompanham
qualquer alimento: carnes, verduras, coalhada", diz Mansha.
E, por falar em acompanhar,
peça para ver o naan sendo feito quando for a algum restaurante que tenha o forno tandoor. Afinal, com os olhos também se come...
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