São Paulo, domingo, 20 de julho de 2008

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Aos 101, morre a atriz Dercy Gonçalves

Vítima de pneumonia, a comediante foi internada na madrugada de sexta para sábado, em hospital de Copacabana

Peça de Maria Adelaide Amaral em homenagem a Dercy já está em preparação; direção será de Marília Pêra, e Fafy Siqueira viverá a atriz

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

FABIANE ROQUE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO

A atriz e comediante Dercy Gonçalves morreu às 16h45 de ontem no hospital São Lucas (Copacabana, zona sul do Rio), onde foi internada durante a madrugada, vítima de pneumonia. Ela tinha 101 anos. A causa da morte foi insuficiência respiratória e infecção pulmonar, conseqüências da pneumonia grave. Ela deixou a filha única, Dercimar; não era casada.
Até a conclusão desta edição, a família não divulgou informações sobre velório e enterro. O mais provável é que o corpo da artista seja sepultado em seu município natal, Santa Maria Madalena, na região noroeste fluminense, a 230 km do Rio.
A atriz Marília Pêra prepara já há alguns meses a montagem de uma peça em homenagem à artista, na qual será diretora. O texto de "Dercy por Fafy" é de Maria Adelaide Amaral, biógrafa de Dercy.
Filha de um alfaiate e de uma lavadeira, que a abandonou e aos seis irmãos pequenos, Dolores Gonçalves Costa, nome de batismo de Dercy, fugiu de casa aos 17 anos, para se incorporar a uma companhia de teatro instalada na cidade de Macaé (litoral norte do Estado do Rio).
A estréia teatral de Dercy aconteceu em 1929, na cidade de Leopoldina, na Zona da Mata de Minas. Ela integrava o elenco da Companhia Maria Castro. No ano seguinte, passou a trabalhar em parceria com o ator e cantor Eugênio Pascoal, com quem formou a dupla "Os Pascoalinos", que se apresentava em cidades interioranas. Pascoal foi seu primeiro namorado, conforme relatos da própria Dercy.
No Rio, a partir da década de 30, Dercy passou a trabalhar no teatro de revistas, tornando-se um sucesso pelo comportamento irreverente no palco, que se contrapunha à beleza das vedetes. Nos anos 40, integrou a companhia do empresário Walter Pinto. Na década de 60, Dercy passou a investir em espetáculos solitários. Rodou o país inteiro, sempre com falas recheadas de palavrões, misturando histórias tristes ditas autobiográficas.
No cinema, estreou em 1943, em "Samba em Berlim", do cineasta Luiz de Barros. Ela contracenou, no filme, com outros craques da comédia nacional, como Grande Otelo, Mesquitinha, Catalano e Brandão Filho. Atuou em 24 filmes.
Dercy também trabalhou na televisão. Reza a lenda surgida em torno de sua carreira que, em 1963, era a atriz mais bem paga da TV Excelsior. Em 1966, ingressou na TV Globo, inaugurada um ano antes.
Até 1969, ela apresentou na Globo o programa de auditório "Dercy de Verdade". Depois, foi contratada pela Record, onde atuou em programas humorísticos e de variedades. Passou ainda pela Bandeirantes antes de voltar à Globo, onde em 1984 participou do humorístico "Humor Livre".
Em 1991, com os seios à mostra, a artista foi o tema do enredo da escola de samba Unidos do Viradouro, de Niterói, em desfile do Rio.


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