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Ameaça virtual
Especializada em combate à pirataria e ao desrespeito autoral, empresa inglesa fatura ao policiar a rede; entre clientes estão Prince e Prodigy
BRUNA BITTENCOURT
DA REPORTAGEM LOCAL
John Giacobbi é uma espécie
de segurança on-line de uma
longa e respeitável lista de artistas, que o contrata para defendê-los dos perigos da internet hoje.
O advogado é o homem por
trás da Web Sheriff, empresa
inglesa especializada na proteção e policiamento de direitos
autorais na web e no combate à
pirataria, da qual muitos músicos são vítimas.
Em janeiro, a banda Franz
Ferdinand contratou a empresa para combater o vazamento
do seu disco mais recente, "Tonight". Já Prince pediu a ajuda
do xerife para tirar do ar milhares de vídeos não autorizados
de uma série de shows que fez
em Londres, em 2007. Recentemente, a empresa procurava
reprimir na internet a ação de
cambistas dos shows que Michael Jackson realizaria em julho. A lista de clientes da Web
Sheriff inclui ainda gravadoras,
estúdios de cinema, celebridades, editoras de livros e jornais.
Prodigy
Filho de um influente empresário de músicos, Giacobbi,
42, advogou para grandes gravadoras e trabalhou para a Entertainment Law Associates.
Um dos clientes da associação
inglesa de advogados de entretenimento era o grupo Village
People, que enfrentava problemas com pirataria e com bandas que se faziam passar por
ele. "Disse para eles contratarem um serviço de monitoramento para acompanhar essas
questões, mas ninguém estava
oferecendo isso para a indústria da música e do entretenimento. Então decidi montar a
empresa", conta Giacobbi em
entrevista à Folha.
A Web Sheriff conta com 20
funcionários em seu escritório
em Londres, entre experts em
internet e advogados especializados em direito autoral. Os
serviços custam de R$ 6.000 a
R$ 60 mil por mês. "Muito do
nosso trabalho é secreto e feito
nos bastidores", diz Giacobbi.
Hoje, o maior filão da empresa
londrina é evitar com que discos se espalhem pela rede antes
de seu lançamento.
Um dos seus últimos trabalhos foi conter o vazamento de
"Invaders Must Die", do Prodigy, lançado em março. "Ainda que ele tenha vazado cedo,
conseguimos conter isso, o que
não afetou as vendas do álbum.
Na semana em que ele foi lançado, vendeu mais que o dobro
do álbum que estava no segundo lugar da parada."
Giacobbi defende que o único jeito de fazer isso com sucesso é policiar a internet 24 horas
ao dia. É preciso remover arquivos piratas de sites e blogs e
excluí-los das redes de troca;
patrulhar YouTube, MySpace,
eBay, Facebook e outros sites,
com quem a empresa tem contratos e boa proximidade.
O advogado acredita que teria sido possível, por exemplo,
conter a proliferação de "X-Men Origens: Wolverine", em
abril, um mês antes de sua estreia. "O segredo é capturar o
vazamento o mais cedo possível. Se isso acontece nas primeiras 48 horas, qualquer vazamento pode ser revertido.
Mas existirá sempre novos arquivos piratas, que precisam
ser removidos."
A Web Sheriff já fechou sites
da China ao Brasil, mas, por
questões contratuais, não revela quais são seus endereços.
Giacobbi conta apenas que os
endereços brasileiros estavam
hospedando música pirateada.
"Nós só fechamos sites como
uma última alternativa. Primeiro, pedimos que eles removam os arquivos ilegais." Se não
é atendida, a empresa lança
mão de outros recursos, como
denunciar o site ao seu provedor de hospedagem. O último
passo é levar o caso à corte.
Em meio à sua política repressora, e por vezes polêmica,
Giacobbi acredita que a legislação relacionada a direito autoral e marca registrada na internet pode ser aperfeiçoada.
"É preciso ter informações
sobre a identidade de todos os
donos de sites", diz, cobrando
mais cuidado por parte dos
provedores de hospedagem.
"Assim como as pessoas sabem
que não se pode sair de uma loja sem pagar pelos CDs, o mesmo se aplica à internet", diz.
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